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Ser atleta do triatlo nunca foi fácil, mas sempre foi minha paixão. Desde cedo, eu sabia que essa era a vida que eu queria para mim, e me dediquei completamente a isso. As horas de treino, a disciplina, a alimentação regrada—tudo fazia parte de um plano maior, um sonho que eu perseguia com determinação.
Com as Olimpíadas de Paris 2024 se aproximando, meu foco ficou ainda mais intenso. Cada sessão de treino, cada quilômetro corrido, cada pedalada e braçada na piscina tinha um propósito maior. Eu sabia que a competição seria acirrada, mas meu objetivo era claro: trazer o ouro para o nosso país. Essa era minha chance de fazer história e dar orgulho a todos que sempre acreditaram em mim.
O mais difícil era equilibrar tudo. Os treinos eram exaustivos, o tempo parecia escasso, mas, no fundo, eu amava cada segundo disso. Ser chamada de S/a por todos—amigos, família, colegas de equipe—era um lembrete constante de quem eu sou e do que conquistei até aqui. Esse apelido, que carregava tanto carinho e respeito, também trazia a responsabilidade de não decepcionar.
Eu sabia que Paris seria o maior desafio da minha carreira, mas também sabia que estava pronta. Cada gota de suor, cada dor muscular, cada renúncia fez parte da minha jornada até aqui. E, embora o caminho fosse árduo, não havia nada que eu quisesse mais do que cruzar aquela linha de chegada com a bandeira do Brasil nas mãos e o ouro no peito.
Mesmo que eu não conseguisse o ouro, já teria conquistado a joia mais preciosa da minha vida: minha namorada, Gabriela Guimarães. Gabi, além de ser a capitã da seleção de vôlei, é o amor da minha vida. Tenho tanta admiração pelo talento dela em quadra quanto pelo jeito carinhoso e dedicado que ela tem comigo. É impossível não me sentir sortuda por tê-la ao meu lado.
Os fãs ainda não sabem sobre nosso namoro, já que fazia poucos dias que eu havia feito o pedido para ela. Lembro-me do momento como se fosse ontem—o nervosismo, a felicidade quando ela disse "sim". Mas nós duas já havíamos decidido que, durante as Olimpíadas, não esconderíamos nosso amor. A ideia de estarmos juntas nessa jornada, sem precisar nos esconder, me dava forças extras para encarar os treinos mais duros.
Hoje, enquanto eu treinava, Gabi estava aproveitando sua folga para me assistir. Sentir o olhar dela em mim enquanto eu corria, pedalava e nadava me dava uma energia que eu não conseguia explicar. Era como se, além do meu esforço, o amor dela me impulsionasse a ir além dos meus limites.
No intervalo entre uma série de natação e outra, caminhei até a beira da piscina, e lá estava ela, sorrindo de orelha a orelha, com um brilho nos olhos que fazia meu coração disparar.
— Está arrasando, S/a! — ela disse, com aquele tom doce que só ela tem. — Dá até vontade de me juntar ao treino só para ficar mais perto de você.
— Ah, é? — respondi, rindo, enquanto me apoiava na borda da piscina. — Quem sabe você não troca o vôlei pelo triatlo? Aí poderíamos treinar juntas sempre.
Gabi riu, um som que sempre fazia tudo ao meu redor parecer mais leve.
— Não sei se conseguiria te acompanhar. Você é imbatível, amor — ela disse, balançando a cabeça. — Mas, se precisar de uma torcida animada, estou aqui!
— Com você torcendo por mim, sinto que posso vencer qualquer coisa — falei, sentindo o calor se espalhar pelo meu peito. — Só de saber que você está aqui, já faz toda a diferença.
Gabi se aproximou mais, estendendo a mão para mim.
— E estarei com você em cada momento, S/a. Não só como sua namorada, mas como sua maior fã.