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Pov Rosamaria
Estávamos no meio de um evento de vôlei que reuniu várias jogadoras, treinadores e pessoas ligadas ao esporte. A música ao fundo estava alta o suficiente para criar uma atmosfera descontraída, e eu, como sempre, estava brincando com a Naiane.
— Naí, preciso de alguém mais alto, viu? — comentei, já rindo. — Quero entender essa sensação que as baixinhas sentem quando estão com alguém que precisa se abaixar para dar um beijo. Nunca senti isso na vida!
Naiane gargalhou e balançou a cabeça.
— Boa sorte com isso, Rosa. Alguém mais alto que você? Vai ser difícil! — Ela me provocou, apontando para a nossa volta. — Aqui, só as gigantes do vôlei.
— Mas não custa sonhar, né? — retruquei, olhando distraidamente para as pessoas que entravam e saíam.
Conforme a noite foi passando, a música mudou de ritmo, e por volta de meia-noite, as luzes do lugar ficaram mais baixas, criando um clima mais intimista. As mesas foram sendo removidas aos poucos, e o espaço de dança foi se formando. Era o momento perfeito para observar, e foi quando algo – ou melhor, alguém – chamou minha atenção.
Na mesa ao lado da nossa, uma mulher alta se levantou. Morena, com olhos verdes da mesma tonalidade que os meus, mas o que me fez perder o fôlego por um instante foi a altura dela. Ela devia ter no mínimo 1,97! Não era jogadora de vôlei, isso era certo, pois eu conhecia praticamente todo mundo no ramo. Olhei para Naiane e cutuquei seu braço.
— Naí, olha aquilo! — apontei discretamente com a cabeça na direção da morena. — É disso que eu tô falando!
Naiane arregalou os olhos e soltou um assobio baixo.
— Meu Deus, Rosa! Essa aí sim. Agora entendo o que você quer dizer! Ela parece uma muralha, olha isso!
Eu não conseguia tirar os olhos dela, e percebi que não era só eu. A presença da mulher atraía olhares por onde ela passava. A confiança dela era palpável, como se o espaço ao redor automaticamente se moldasse a ela.
— E ela nem parece ser do vôlei, né? — comentei, ainda hipnotizada. — Eu conheceria, se fosse.
Naiane deu uma risada.
— Se não for, vai ser difícil você arrumar uma desculpa para ir falar com ela. Vai ter que usar todo o seu charme fora das quadras dessa vez.
Eu sorri, um pouco desafiada pela situação.
— Não preciso de desculpa, Naí. Só preciso de coragem. E um pouco mais de vodka, talvez.
— Vai lá, Rosa, tô te desafiando! — Naiane cruzou os braços, me encarando com expectativa.
Peguei meu copo e tomei o último gole. Deixei a bebida dar aquele calorzinho no peito, criando uma falsa coragem. Levantei-me da mesa e fui caminhando em direção à morena, meu coração batendo mais rápido a cada passo.
Quando parei perto dela, toquei levemente no braço para chamar sua atenção.
— Desculpa te incomodar, mas eu não pude deixar de notar... você tem quase dois metros de altura, não é? — sorri, meio nervosa, mas tentando parecer confiante. — Só posso te perguntar... como é aí em cima?
Ela riu, uma risada suave que combinava com o jeito dela.
— Quase isso. Tenho 1,97. E é bem tranquilo aqui em cima, você devia experimentar. — Ela piscou de leve, me encarando de volta, e percebi que a conversa estava funcionando melhor do que eu esperava.