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Eu nunca imaginei que namorar a Julia Soares, uma das melhores ginastas do país, pudesse se tornar complicado. No início, era tudo tão simples. Ela era doce, atenciosa e sempre se preocupava comigo de uma forma que me fazia sentir especial. Eu, S/N, jogadora de vôlei e com 20 anos, achava que tinha encontrado o equilíbrio perfeito entre meu relacionamento e minha carreira. Mas ultimamente, as coisas mudaram.
A princípio, as pequenas demonstrações de ciúmes eram até um pouco lisonjeiras. Julia sempre teve esse jeito protetor, que eu achava fofo. Mas com o passar do tempo, o ciúme dela começou a crescer, passando de pequenas questões a algo muito maior. Ela se incomodava com as minhas colegas de time, com as minhas viagens, até mesmo com as mensagens que eu recebia de amigos próximos. Chegou ao ponto de que ela parecia estar em constante estado de alerta, como se esperasse que algo ruim fosse acontecer a qualquer momento.
Nos últimos meses, conversar com ela sobre isso se tornou impossível. Eu tentava entender o que estava acontecendo, tentava falar sobre como essa situação me fazia sentir sufocada, mas Julia simplesmente não queria ouvir. Quando eu tentava iniciar uma conversa séria, ela me ignorava, se levantava e saía da sala, deixando-me com as palavras presas na garganta e um vazio crescente no peito.
Havia dias em que eu chegava em casa exausta após um treino intenso, querendo apenas um pouco de tranquilidade, mas tudo que encontrava era Julia de mau humor, olhando para mim com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Eu me sentia pisando em ovos o tempo todo, com medo de fazer ou dizer algo que desencadeasse outra discussão.
Em uma dessas noites, depois de uma longa viagem para um jogo fora da cidade, cheguei em casa esperando relaxar e recarregar as energias. Porém, ao abrir a porta, encontrei Julia sentada no sofá, com os braços cruzados e uma expressão severa no rosto. Antes mesmo de eu poder falar qualquer coisa, ela disparou: "Quem é essa tal de Ana que curtiu todas as suas fotos nas redes sociais? Por que você nunca falou dela?"
Eu estava exausta, mal conseguia processar o que ela estava dizendo. Respirei fundo, tentando manter a calma. "Julia, Ana é uma amiga antiga, ela sempre curtiu minhas coisas. Não tem nada demais nisso."
Mas Julia não parecia convencida. "Eu estou cansada de ver você sempre rodeada de outras pessoas, como se eu fosse só mais uma na sua vida."
Essas palavras me atingiram como uma pancada. Era como se, de repente, todo o amor e cuidado que compartilhávamos tivessem sido postos em dúvida. "Julia, você é tudo para mim. Eu não sei mais o que fazer para te mostrar isso."
Ela me encarou por um momento, mas em vez de responder, simplesmente se levantou e saiu da sala, me deixando sozinha com meus pensamentos. Mais uma vez, eu tinha sido deixada no vazio, sem uma chance real de resolver o que estava nos afastando.
Dias se passaram desde aquela discussão, e o clima entre nós só piorou. A distância que estava se formando entre nós parecia crescer mais a cada dia, como uma fenda que eu não sabia como fechar. Eu ainda amava Julia, amava quem ela era e as memórias que tínhamos compartilhado, mas não podia negar que algo estava muito errado. Eu sentia falta de como as coisas eram antes, da leveza que tínhamos, da maneira como ríamos juntos.
Decidi que não podia mais continuar assim. Eu não queria perder Julia, mas também não podia continuar vivendo nesse ciclo de ciúmes e brigas. Precisávamos conversar de verdade, enfrentar nossos problemas de frente, ou então essa relação não sobreviveria. Eu me preparei mentalmente para o que precisava ser feito.
Naquela noite, esperei Julia voltar de um treino. Quando ela chegou, parecia cansada, mas eu sabia que não podia mais adiar essa conversa. "Julia, precisamos conversar," disse, minha voz firme mas gentil.
