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Estávamos juntos há dois anos, Emma Roberts e eu. Nossa relação era repleta de amor e companheirismo, mas também de desafios, principalmente por conta da agenda lotada dela. Entre filmes, séries e eventos, nossos momentos juntos eram preciosos e, infelizmente, raros. Nunca havíamos comemorado um aniversário de namoro de forma adequada, mas este ano eu estava determinada a mudar isso.
Passei semanas planejando a surpresa perfeita. Decorei o apartamento com velas, flores e fotos nossas, relembrando os melhores momentos dos últimos dois anos. Preparei o jantar favorito de Emma e até aluguei um projetor para exibir um filme que sabíamos ser especial para nós dois.
À medida que a noite se aproximava, meu coração estava cheio de expectativa. Emma tinha garantido que estaria em casa a tempo, então eu me vesti com minha melhor roupa, coloquei a mesa e fiquei esperando.
As horas passaram. Primeiro, uma mensagem de Emma dizendo que estava a caminho, mas havia uma pequena reunião de última hora. Depois, uma ligação rápida pedindo desculpas pelo atraso. A cada minuto que passava, minha esperança diminuía um pouco mais, mas eu continuava esperando, acreditando que ela faria de tudo para chegar.
Finalmente, já era tarde da noite quando meu telefone tocou novamente. Era Emma.
— Amor, me desculpe — sua voz soava cansada e cheia de culpa. — A reunião se estendeu e estou presa aqui. Não vou conseguir sair tão cedo.
Senti uma pontada de decepção, mas tentei não deixar transparecer.
— Está tudo bem, Emma. Eu entendo. — minha voz saía mais firme do que eu me sentia. — Sei que seu trabalho é importante.
— Eu sinto muito mesmo. Prometo que vamos comemorar assim que eu conseguir um tempo livre.
Desliguei o telefone e olhei ao redor do apartamento, que ainda estava cheio de luz suave das velas e aromas do jantar que preparei. Sentindo um nó na garganta, me sentei no sofá e, pela primeira vez naquela noite, permiti que as lágrimas caíssem.
Eu sabia que Emma me amava e que ela estava tão frustrada quanto eu, mas a realidade de estar com alguém com uma vida tão exigente era difícil de ignorar. Eu queria apoiá-la em sua carreira, mas também desejava mais momentos como esses, onde pudéssemos celebrar nosso amor.
Os minutos se transformaram em horas. Depois da ligação de Emma, eu continuei esperando, alimentando uma pequena esperança de que ela pudesse aparecer. As velas estavam quase no fim e o jantar esfriou completamente. A decepção pesava no meu peito enquanto olhava para o relógio, cada tic-tac me lembrando da ausência dela.
Por fim, já era madrugada e meus olhos mal conseguiam ficar abertos. Relutante, apaguei as velas, guardei a comida na geladeira e fui me deitar. O quarto estava silencioso, e a cama parecia imensa sem a presença de Emma. O sono veio lentamente, acompanhado de lágrimas silenciosas de tristeza e frustração.
Quando acordei na manhã seguinte, a luz do sol já estava entrando pelas janelas. Levantei-me, sem vontade de sair do quarto. De repente, ouvi a porta da frente abrir e passos leves no corredor. Emma tinha finalmente chegado.
Fiquei parada no quarto, meu coração dividido entre a vontade de vê-la e a dor da decepção da noite anterior. Ouvi Emma andando pela casa, notando a decoração que eu tinha preparado, o jantar que estava intacto na geladeira e o projetor ainda montado na sala.
— Amor? — ela chamou com uma voz cheia de culpa e cansaço. — Você está aí?
Não respondi. Sentei-me na beira da cama, encarando o chão. Emma apareceu na porta do quarto, seus olhos mostrando claramente o arrependimento e a tristeza.
— Me desculpe, por favor. Eu tentei vir o mais rápido possível, mas simplesmente não consegui sair de lá.
Eu olhei para ela, tentando manter a compostura, mas minha voz traiu a dor que eu sentia.
— Eu entendo que seu trabalho é importante, Emma. Mas isso estava planejado há semanas. Eu só queria um momento para nós duas, para celebrar o que temos.
Emma se aproximou, tentando pegar minha mão, mas eu me afastei.
— Por favor, não me ignore — ela implorou. — Eu sei que errei, e me dói ver você assim.
Suspirei profundamente, sentindo um peso no peito. Levantei-me e fui até a sala, sentindo Emma me seguir. Parei em frente à decoração, as flores murchas e as velas apagadas.
— Veja, Emma. Eu fiz tudo isso para nós, mas não importa mais. Não quero que você me faça promessas que não pode cumprir.
Ela ficou em silêncio por um momento, olhando ao redor, compreendendo o esforço que eu coloquei naquilo tudo.
— Eu sinto muito — disse ela, sua voz embargada. — Eu sei que palavras não são suficientes, mas eu realmente quero consertar isso.
Eu me virei para ela, ainda magoada, mas sabendo que o amor que sentia por Emma não desapareceria tão facilmente.
— Preciso de tempo para pensar, Emma. Preciso entender se consigo continuar assim, esperando e me decepcionando.
Ela assentiu, lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Eu vou fazer o que for preciso para mostrar que estou comprometida com nós duas. Só peço que me dê essa chance.
Eu a observei, vendo o remorso genuíno em seus olhos. Sabia que não seria fácil, mas também sabia que nosso amor merecia ser lutado.
— Vamos ver, Emma. Vamos ver.
Ela assentiu novamente e me abraçou gentilmente, como se estivesse tentando reparar o que havia quebrado. Naquele momento, percebi que nosso caminho não seria simples, mas estávamos dispostas a tentar, a lutar pelo amor que compartilhávamos.
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