O relógio na parede marcava duas da manhã. A casa estava mergulhada em um silêncio absoluto, interrompido apenas pelos leves resmungos do bebê no quarto ao lado. Eu me levantei lentamente, cansada, sentindo o peso de várias noites mal dormidas.
O pequeno quarto estava à meia-luz, uma decoração suave e nostálgica que Lana tinha escolhido. Nossas fotos emolduradas nas paredes, lembranças de dias mais felizes e despreocupados. Segurei nosso filho, o balancei suavemente enquanto ele choramingava, tentando acalmá-lo.
Não pude evitar sentir uma onda de frustração. Embora Lana fosse uma presença constante em nossos corações, sua carreira a levava para longe por longos períodos, e eu estava aqui, lidando sozinha com as noites insones, as fraldas sujas, e as preocupações diárias de ser mãe. Era um papel que eu havia aceitado com amor, mas que, ultimamente, parecia me consumir.
Lembrei-me das promessas sussurradas entre beijos e risos, das noites em que sonhávamos juntas sobre o futuro. Mas a realidade era mais dura do que qualquer uma de nós imaginara. Ela estava em turnê, encantando o mundo com sua voz melancólica, enquanto eu ficava para trás, lutando para manter tudo sob controle.
Respirei fundo, tentando afastar a frustração. Amar alguém como Lana significava aceitar a distância, mas em noites como esta, a solidão parecia insuportável. Sentei-me na cadeira de balanço, sentindo o leve movimento acalmar meu coração. Sabia que ela voltaria, que sempre voltava. Mas até lá, a responsabilidade de criar nosso filho recaía sobre mim.
Olhei para nosso pequeno, agora dormindo tranquilamente em meus braços. Ele era uma parte de nós duas, um símbolo de nosso amor. Sorri, apesar de tudo, e beijei sua testa. O amor que sentia por ele, e por Lana, era maior do que qualquer frustração.
Nessa complexidade de sentimentos, encontrei uma força renovada. Eu sabia que não estava realmente sozinha; tínhamos construído algo lindo juntas, algo que valia a pena lutar. E assim, com meu filho nos braços, continuei a acreditar que dias melhores viriam, onde estaríamos juntas novamente, como uma família completa.
A manhã estava clara, com o sol filtrando-se através das cortinas do quarto. Eu estava na cozinha, preparando o café da manhã, quando meu telefone vibrou na mesa. Peguei-o e vi uma notificação de uma revista de fofocas. Estava prestes a ignorar, mas algo no título chamou minha atenção: "Lana Del Rey Flagrada em Noite Romântica com Desconhecido".
Meu coração começou a bater mais rápido enquanto eu abria o artigo. As fotos eram inconfundíveis: Lana, minha Lana, em um restaurante chique, rindo e segurando a mão de um homem que eu nunca tinha visto antes. Cada imagem parecia uma facada, cada sorriso um novo corte.
Senti minhas pernas enfraquecerem e me apoiei na bancada da cozinha, tentando processar o que via. A mente se encheu de perguntas e uma dor surda começou a tomar conta do meu peito. Como ela pôde fazer isso? Por que agora, quando eu estava me esforçando tanto para manter nossa família unida?
Nos dias seguintes, a dor e a dúvida me consumiram. Tentei confrontá-la, mas ela estava sempre ocupada, sempre distante, viajando de uma cidade para outra. Quando finalmente consegui falar com ela, sua voz soou cansada, talvez até arrependida, mas as palavras dela não conseguiam acalmar o tumulto dentro de mim.
"Eu não queria que você descobrisse assim," ela disse suavemente, a voz tremendo um pouco. "Foi um erro, um momento de fraqueza."
"Fraqueza?" Eu repeti, minha voz cheia de incredulidade e dor. "Nós temos um filho, Lana. Eu estou aqui, cuidando dele, cuidando da nossa vida, enquanto você está fora... fazendo isso."
Ela suspirou do outro lado da linha. "Eu sei. Não posso mudar o que fiz, mas... eu amo você. Amo nosso filho. Só preciso de tempo para consertar isso."
"Tempo?" As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. "Eu não sei se o tempo vai consertar isso, Lana. Eu não sei se posso te perdoar."
Desliguei o telefone, sentindo um vazio profundo. Os dias que se seguiram foram os mais difíceis da minha vida. Tentei manter a rotina, ser forte pelo nosso filho, mas cada sorriso, cada risada dele, lembrava-me da traição de Lana. Eu estava machucada, traída, mas também confusa sobre o que fazer a seguir.
A casa, que antes era um santuário de nosso amor, agora parecia cheia de fantasmas e memórias dolorosas. Em uma noite silenciosa, enquanto olhava para as fotos nas paredes, tomei uma decisão difícil. Precisava de um tempo para mim, um espaço para pensar, para decidir se nosso amor poderia sobreviver a isso.
Arrumei uma mala pequena, peguei nosso filho e fui para a casa da minha mãe. Precisava de apoio, de um lugar onde pudesse respirar e tentar entender meus sentimentos. Deixei uma nota para Lana, explicando que precisava de um tempo longe, mas que não estava fechando a porta definitivamente. Queria acreditar que ainda havia esperança, mas naquele momento, precisava me afastar para descobrir se nosso amor poderia realmente sobreviver a essa tempestade.
Os dias na casa da minha mãe passaram lentamente. A familiaridade do lugar trouxe algum conforto, mas a dor da traição ainda estava presente. Minha mãe foi um apoio inestimável, oferecendo conselhos e um ombro para chorar, enquanto eu tentava lidar com meus sentimentos.
Cada mensagem e ligação de Lana eram cheias de arrependimento. Ela tentava explicar, tentava prometer mudanças, mas eu ainda estava machucada demais para acreditar completamente. A confiança, que antes era tão forte entre nós, parecia quebrada em mil pedaços.
Em uma tarde ensolarada, sentei-me no jardim, observando nosso filho brincar na grama. Sua inocência e alegria eram um contraste doloroso com a confusão em meu coração. Foi então que minha mãe se aproximou, sentando-se ao meu lado.
"Você sabe que tem o direito de sentir o que está sentindo," ela começou, a voz suave. "Mas também precisa decidir o que é melhor para você e para ele. Às vezes, o perdão é a coisa mais difícil de oferecer, mas também a mais necessária."
Suspirei, olhando para o meu filho. "Eu quero perdoar, mãe. Quero acreditar que podemos superar isso, mas... e se isso acontecer de novo? E se eu nunca conseguir confiar nela da mesma maneira?"
Minha mãe me abraçou, transmitindo uma força que eu estava tentando encontrar em mim mesma. "Essas são perguntas que só você pode responder, mas não precisa fazer isso sozinha. Dê a si mesma o tempo necessário para descobrir o que realmente quer."
Com essas palavras em mente, comecei a refletir mais profundamente sobre o que queria para o futuro. Passei mais tempo com nosso filho, observando-o, aprendendo com sua simplicidade e alegria. E, aos poucos, percebi que ele merecia uma família unida, mas também uma mãe feliz e em paz consigo mesma.
Uma noite, depois de colocar nosso filho para dormir, peguei meu telefone e liguei para Lana. Havia uma longa conversa pela frente, mas era um passo necessário.
"Precisamos conversar," eu disse, minha voz firme. "Não sei se estou pronta para perdoar completamente, mas quero tentar entender. Pelo nosso filho, pelo que tivemos."
Lana estava do outro lado da linha, a voz cheia de emoção. "Eu farei o que for preciso para consertar isso. Para mostrar que ainda somos fortes juntas."
Concordamos em nos encontrar em uma semana, em um lugar neutro, onde poderíamos falar abertamente, sem as pressões e lembranças do passado imediato.
Quando chegou o dia, encontrei Lana em um pequeno café, onde tínhamos passado tantas tardes felizes. Ela parecia diferente, mais vulnerável, mas também mais determinada.
Sentamos e começamos a conversar. As palavras foram difíceis, cheias de lágrimas e confissões. Lana explicou seus erros, suas fraquezas, e eu compartilhei minha dor, minhas dúvidas. Aos poucos, uma nova compreensão começou a emergir.
Decidimos que precisávamos de terapia de casal, de tempo para reconstruir o que havia sido quebrado. Sabíamos que não seria fácil, mas havia um fio de esperança, uma determinação de ambas as partes de fazer o possível para nossa família.
Assim, saímos do café com um novo compromisso. Não seria um caminho fácil, mas estávamos dispostas a tentar. Por nós, por nosso filho, e pelo amor que, apesar de tudo, ainda existia entre nós.
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Beijinhos da Key..💋