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Pov Carol:
Eu estava exausta depois de mais um treino intenso pelo Dentil Praia Clube. Meu corpo clamava por descanso, mas minha mente estava longe, preocupada com o que estava acontecendo em casa. Cheguei em silêncio, a casa estava mergulhada em uma tranquilidade quase ilusória. Fui direto para o quarto e, como já era costume, encontrei S/N sentada na cama, com os olhos levemente inchados. Meu coração apertou. Ela sempre tentava disfarçar, mas eu sabia que ela tinha chorado.
— Oi, meu amor — sussurrei, me aproximando e sentando ao seu lado. — Você está bem?
Ela forçou um sorriso, mas seus olhos tristes me disseram tudo.
— Tá tudo bem, Carol. Só… só mais um dia complicado com o Arthur.
Suspirei pesadamente. Eu sabia que Arthur estava dando trabalho ultimamente. Ele sempre me ouvia, mas com S/N, a coisa era diferente. Ele parecia rejeitar qualquer autoridade que ela tentasse exercer, e isso estava machucando tanto ela quanto a mim.
— O que aconteceu dessa vez? — perguntei, segurando sua mão com carinho.
— Ele... ele simplesmente não me escuta, Carol. Hoje ele não quis jantar, ficou trancado no quarto jogando videogame. Eu tentei conversar, tentei explicar, mas ele me ignora completamente — seus olhos começaram a brilhar com lágrimas novamente, e meu peito apertou. — Eu sei que não sou a mãe biológica dele, mas eu tento tanto...
Puxei S/N para mais perto, abraçando-a com força.
— Você é a mãe dele, S/N, e ele precisa entender isso. Eu vou falar com ele.
— Não sei, Carol… parece que ele só respeita você. Quando você não está, eu me sinto tão impotente. Não quero que você tenha que lidar com isso sozinha. Ele precisa me ouvir também, precisa entender que estou aqui por ele, por nós.
— Eu sei, meu amor. E ele vai entender. Vou conversar com ele agora mesmo — disse, me levantando.
Caminhei até o quarto de Arthur, batendo levemente na porta antes de entrar. Ele estava sentado na cama, olhos fixos na tela do videogame.
— Arthur, podemos conversar? — perguntei com um tom firme, mas não autoritário. Ele olhou para mim, com um suspiro, e pausou o jogo.
— O que foi, mãe?
— A gente precisa falar sobre a maneira como você tem tratado a S/N — comecei, cruzando os braços. — Ela é sua mãe também, Arthur. E você precisa respeitá-la.
— Ela não é minha mãe de verdade — ele rebateu, com aquela teimosia adolescente que às vezes era difícil de lidar.
Respirei fundo, tentando manter a calma.
— Arthur, ela é minha esposa e te ama como se fosse a mãe biológica. Você precisa entender que isso não se trata de ser "de verdade" ou não. Ela está aqui por você, sempre esteve. E você precisa começar a tratá-la com o respeito que ela merece. Eu não posso estar sempre em casa por causa dos treinos e jogos, mas quando não estou, é ela quem está cuidando de você.
Ele ficou em silêncio por um momento, evitando meu olhar.
— Mas você não entende, mãe... é diferente. Eu... eu só não consigo.
— Arthur, eu sei que é difícil. Mudar é complicado, mas ela está tentando fazer o melhor. E você sabe que não pode simplesmente ignorá-la. Não é justo com ela, e também não é justo comigo. Nós somos uma família.