Prólogo

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Não acredito que o primeiro dia que eu resolvo contar da minha vida vai ser longo e chato, mas agora que comecei, acho válido chegar até o final, pois vai que algo de bom acontece. Algo que eu não duvido muito, já que coisas estranhas sempre acontecem comigo. Acho que é por causa da minha família, eles vira e mexe aparecem com umas histórias e ideias loucas que acabam sobrando para mim. Como se eu tivesse tempo de resolver problemas para eles, pode não parecer, mas eu sou muito ocupada e, principalmente, comprometida, com tudo que faço. Enfim, vou parar de reclamar da minha família, nem os apresentei ainda. 

Vamos ao começo... 

Tudo começou no dia... Tá, não é esse começo... 

De verdade agora... 


Acordei da cama num pulo. Em um momento estava em um sonho estranho sendo devorada por um monstro de barro gigante e no outro estava deitada na minha cama sem vontade nenhuma de começar o dia. Levantei o mais rápido que pude, antes que batesse a vontade de só levar depois do meio dia, me arrumei rápido e fui para sala de jantar (o que sempre achei meio estranho, já que estava de manhã e eu ia tomar café e não jantar). Meus pais e meu querido irmão já tinham acabado de comer e estavam conversando. 

-Achei que a margarida nunca chegaria! -Minha mãe disse com um sorriso no rosto.

-Bom dia. -Cumprimentei a todos. Assim que a Tita, ajudante da nossa casa (falar empregada soa tão feio), me viu, trouxe logo meu café. 

-Obrigada, Tita. -Agradeci com um sorriso no rosto e ela retribuiu. Retirou-se sem fazer barulho e pareceu que nunca havia estado ali. 

-Mãe. Pai. Eu preciso ir. Tenho que adiantar uns trabalhos da semana que vem, a gravação do clipe do Kauã vai ocupar meu tempo todo. -Engasguei com a mensão do nome do melhor amigo do meu irmão, vulgo meu ex. Nada de trágico tinha acontecido entre a gente, apenas tivemos que terminar quando ele conseguiu uma turnê internacional. Ele propos um relacionamento aberto, mas eu sou muito melão com açúcar para compreender o meu namorado ficando com outras meninas, sem falar na mídia que ia cair matando em cima. 

-Como você fala uma coisa assim do nada sem contar para sua irmã antes? 

-Achei que soubesse, Fer. -Ele me olhou constrangido e pedindo desculpas. 

-Você sabe que eu não sou de ficar lendo fofoca por ai. 

-Não digo por isso. O Kauã disse que ia te falar, mas, pelo visto nem abriu a boca. -Ele revirou os olhos. Todos sabíamos que o Kauã sempre foi meio esquecido e, se não fosse a produtora dele, ele esqueria até que tem que tirar o óculos para dormir. 

Eu não sei o que sentia por ele agora, talvez até nada. Na época que namorávamos eu sabia que o amava e que queria ficar com ele por bastante tempo. Eu, apesar de não gostar da fama voltada para mim, nunca deixei de admitir que ela faz parte de quem sou, quando passo na rua, algumas pessoas me reconhecem e até falam comigo, mas não é por mim e sim pelo meio que estou inserida. Não sou do tipo filha/irmã revoltada que queria ser uma adolescente normal, pois eu sou uma adolescente normal e amo minha família mais que tudo, independente do quanto isso afeta minha privacidade, às vezes... Mas, digamos que eu tenho uma válvula de escape. Algumas, na verdade. 

-Bom, ele não disse nada, mas também não é obrigado a nada. Só pelo fato dele vir para o Rio, já é motivo suficiente para ele vir aqui em casa. Uma hora ou outra eu iria descobrir. 

-Des...

-Você não fez nada, Guel... Agora vai logo. -Ele sorriu para mim, me deu um beijo na testa e despediu-se de nossos pais também. 

Ele foi para a escola com o motorista da família, mais por questões de segurança do que outra coisa. Ele é como eu, gosta de caminhar e fazer atividades, não é um mimadinho que só pensa em fama e dinheiro. Já eu, por outro lado, posso me permitir caminhar pela cidade com um pouco mais de segurança, por mais que meus pais não gostem, não controlam muito as minhas manias de liberdade, só quando julgam muito perigoso. 

Terminei de comer e fui direto para a escola, a pé, vulgo melhor meio de tranporte para escutar música e pensar na vida. Não sei se por karma ou aleatoriedade da vida começou a tocar uma música do Kauã, uma que ele compos enquanto estava na minha casa, no meu quarto para ser mais exata. Uma onda de nostalgia invadiu meus pensamentos durante todo o caminho...

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora