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Minha segunda- feira só ficou boa depois que o Gustavo e a Júlia tinham brigado comigo, que foi quando eu soube que não tinha mais ninguém para falar a mesma coisa. Se bem que foi fácil reunir todos para um jantar hoje, no restaurante mexicano. 

"Depois de muito judiarem do meu ouvido, todo mundo aceitou que vc sabe que eu sou eu. Jantar hj naquele restaurante mexicano? Chamei eles..." -Foi a mensagem que mandei para o Zack. 

"MDS, tão rápido assim? Não tenho o que vestir! Achei que teria tempo de organizar um discurso". -Ele respondeu rápido. 

"Está até brincando com o assunto. Tá tudo certo, então. Te vejo às 6h lá, não atrasa... Tenho uma prova dos infernos para estudar para amanhã". 

"Está me desconcentrando na minha primeira aula de culinária! Saí daqui! Tchau" -Pelo que fiquei sabendo, ele conseguiu mudar o horário de trabalho dele no abrigo para apenas de tarde e continuar ganhando o mesmo salário, assim, pôde fazer o curso na parte da manhã. 

"Af, vc é um chato. Qnd sair daí me conta como foi."

"Tá bom, criatura."

-Fernanda, sei que sorrir para o celular está bem interessante para você, mas será que pode prestar atenção na minha aula? -A professora de matemática falou. Meus dois amigos me olharam com cara de reprovação e eu logo tirei o sorriso do rosto. 

Depois de eternas aula, o sinal da saída tocou e eu finalmente pude sair daquele lugar. 

-Desde quando você sorri para aparelhos eletrônicos? -O Gustavo perguntou com segundas intensões. 

-Não enche! -Falei enquanto caminhávamos para a saída. 

-Ele tem razão, Fernanda. Nem com o Kauã você sorria para celular. É assustador!

-O que estão insinuando? -Olhei feio para os dois e eles se entreolharam. 

-Nada. Eu? Insinuando alguma coisa? Jamais! -A Karina falou articulando a boca.

-O que está acontecendo aqui? -O Miguel abraçou a Karina por trás. 

-Sua irmã está sorrindo para aparelhos eletrônicos. -Estava começando a ficar irritada com aquele papo. O Miguel demorou a entender o duplo sentido da frase, mas quando o fez, fechou a cara. 

-Minha irmãzinha está gostando de alguém? -Ele falou sério. -Eu não permito. -Falou zuando e eu bufei. 

-Podem parar de pegar no meu pé, por favor? Eu não estou gostando de ninguém! -Falei alterada. -Gustavo, lembra a Júlia do jantar hoje, seis horas... Não se atrasem. -Apontei para todos eles e saí andando na frente.

-Fernanda, espera! A gente vai para o mesmo lugar. -Meu irmão gritou, mas eu ignorei. Continuei andando e fui a pé para casa, como costumava fazer. 

A minha tarde foi resumida em fazer trabalhos, estudar e brincar com o Átila. Quando deu umas cinco horas a Karina entrou no meu quarto. 

-Ficou aqui a tarde toda? 

-Não! Tá louca? Minha mãe me mataria. -Dei uma risada lembrando do amor de pessoa que a mãe dela é. -Vamos nos arrumar? -Assenti. 

Tomei um banho voada e coloquei um vestidinho que tinha separado mais cedo. Faltando dez para às seis, eu e o casal já estávamos no caminho para o restaurante. 

-Reserva da Fernanda. -Falei para a simpática garçonete que nos direcionou a nossa mesa, onde o Zack já estava sentando, sozinho. 

Eu que o conhecia, percebia que ele estava nervoso, mas quem não tinha intimidade com ele, acharia ele a pessoa mais plena e segura de si. 

-Sejam simpáticos! -Sussurei para os dois. -Oi, Zack! -Falei assim que cheguei a mesa. 

Ele levantou e me deu um abraço, seguido de dois beijinhos. 

-Zack, esse é o Miguel, meu irmão e essa é a minha melhor amiga, Karina, que namora o meu irmão. 

-Fala ai, cara! -Meu irmão falou casualmente. O que me fez respirar aliviada, o Miguel não era casual com quem não ia com a cara logo de primeira. 

-Oi, Zack, é um prazer. A Fernanda falou muito de você! -A Karina precisava, né? 

Antes mesmo deu terminar a apresentação dos dois, a Júlia e o Gustavo chegaram e eu os apresentei também. 


Já havíamos terminado de comer há umas meia hora, mas a conversa rendia tanto que ninguém queria pedir a conta para ir embora. 

-Uma vez, a Fernanda colocou uma capa tipo a da supergirl e saiu de casa falando que ia salvar o mundo. Ela viu um gato em cima de uma árvore, mas quando foi tentar tirá-lo de lá, não tinha altura e ela bateu de porta em porta pedindo uma escada, quando conseguiu, ele já tinha ido embora. -Todos riram da história que o Miguel fazia questão em explanar da minha infância. 

-Foi traumatizante aquele dia! -Falei, mas eles estavam ocupados demais rindo de mim para ouvir. 

-Ei, Zack. -Meu irmão o chamou, tentando parar de rir. - Queria pedir desculpa, para você e para minha irmã, por ter achado que você não era um cara legal. -Meus amigos concordaram com ele.

-Ah, que isso! -O Zack falou e eu dei um sorriso de canto de rosto. Então eles haviam gostado dele! Fiquei muito feliz, talvez não mais que o Zack.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora