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Digamos que segunda e terça foram dias agitados. Segunda eu fui do céu ao inferno para conseguir ir ver o Zack e passar o maior tempo possível com o Kauã e meu irmão, que iriam viajar. Na terça a parada foi mais complicada... Meu irmão foi embora de manhã, o que me deixou triste, mas acabou com o dia da Karina e acabou que eu e meus amigos não fomos para a aula. (o que agora incluia a Júlia, que mesmo estudando em outra escola ficou com a gente). Na parte da tarde foi a hora do Kauã. Depois de ter deixado o Miguel no aeroporto voltamos para casa, mas ainda teríamos outra viagem para lá. Não queria me despedir do Kauã, não de novo.

-Não acho que devemos parar de nos falar dessa vez. -Ele disse e eu assenti. Meus amigos e os pais do Kauã já haviam se despedido e estavam um pouco atrás, nos dando privacidade.

-Se você não falar comigo eu não vou saber nada da sua vida, não é como se eu fosse rata de sites de fofoca. -Ele deu uma risada, que um dia eu já fui apaixonada, e eu voei em seu pescoço. Ele me abraçou apertado como quem dizia "Fica bem, se cuida e eu vou voltar". Queria chorar, mas não o faria. Isso não tem a ver com o fato de eu gostar ou não dele, mais do que como amigo, mas eu o amo principalmente como um e ter ele longe de novo, depois de ter me acostumado com sua presença, seria horrivel.

-Pode deixar. -Ele disse enquanto nos abraçávamos.

A voz de uma mulher soou no autofalante fazendo a última chamada para o voou dele.

Parecia que nem eu nem ele queríamos que o abraço acabasse e, como cena de filme de romance clichê, desfizemos o abraço bem devagar, mas deixamos nossos rostos bem próximos.

-Fica bem, Fernanda e... Arrisque-se. -Ele sorriu.

-Você também, Kauã e arrase nos shows. -Sem que eu me desse conta como, nossas testas se enconstaram e eu podia sentir a sua respiração.

Não ia deixar nada atrapalhar esse momento, como sempre aconteceu. Não teria notícia ruim, dia ruim, viagem, trabalho, voz chata do autofalante ou sequer pessoas, para atrapalhar aquele momento. Seria apenas eu e ele por mais alguns segundos, provavelmente o último em muito tempo ou, quem sabe, em toda a nossa vida.

Enquanto eu divagava, ele tomava atitude. Depois de alguns meses esperando por aquilo, de fato aconteceria. Ele aproximou seus lábios dos meus, até que se tocaram.

Foi um beijo calmo, repleto de saudade e carinho. Não sei explicar o que senti ou se foi tão forte como sempre fora, mas posso afirmar que não foi sem sentimento.

-Tchau. -Ele me deu um selinho e se afatou de mim.

-Tchau. -O Kauã acenou para as pessoas que estavam ali por ele e entrou na área de embarque.

Respirei fundo e fui até meus amigos e os pais do Kauã que não comentaram nada sobre o que viram. Talvez quando a Karina estivesse melhor, viria me zuar.

-Vamos? -A Karina perguntou e todos assentimos. Eu queria falar algo, mas não sabia o que.

O Gustavo e a Júlia estavam abraçados. Os pais do Kauã conversavam. A Karina... Essa ai estava lutando ao máximo para ficar bem. Ela é uma pessoa muito sentimental e intensa, ficar longe do Miguel, ou até qualquer outra pessoa que ela goste muito, é bem difícil. Se me permitem um palpite, ela sofre mais do que eu sofri pelo Kauã e olha que foi bastante.

Caminhamos para fora do aeroporto.

-Ah gente, não fiquem com essas carinhas. -A mãe do Kauã falou. -Sei que sentem falta dos amigos de vocês, mas pensem que eles estão lutando pela vida deles, assim como vocês estão lutando pela de vocês. Assim como estão tristes, eles também estão. Só olhem para frente e tentem ver que isso não é tudo... Eu lembro que quando eu fui gravar um série nos EUA, eu não tinha a internet ao meu favor, não tinha como falar com meus pais ou amigos, mas vocês têm isso, então usem. -Ela deu um sorriso caridoso para nós.

Não digo meus amigos, mas eu... Eu já deveria estar acostumada com partidas repentinas, não é como se meus pais e meu irmão não vivessem viajando ou ocupados, mas despedidas nunca deixam de ser difíceis.

-Querem carona? -Ela perguntou tentando quebrar o clima de tristeza.

-Eu não, obrigada. -Falei. -Vou dar uma caminhada por ai.

-Olha lá, heim, Fernanda. -A mãe do Kauã falou. -Cuidado. -Dei um sorrisinho.

-Pode deixar. -Dei um abraço em cada um e peguei um táxi para à praia.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora