10.

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-Eu não vou falar com ela. -Ele jogou as palavras em cima de mim antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Levantei meus braços em sinal de paz.

-Vocês já tiveram um caso, né? -Ele hesitou em responder. Nenhum dos dois havia me contado nada sobre, mas não era difícil de descobrir. No começo fiquei bolada por não terem me contado, mas acabei aceitando, mesmo eu tendo minha política com o Miguel de contarmos tudo um para o outro. Sabia respeitar.

-Já. -Foi tudo que ele disse. Seu rosto entregou que o fim não foi muito bom e que ele sofria com isso. -Só não quero falar sobre isso, ok?

-Respeito. -Dei um beijo na bochecha dele e fui até os meus amigos que ainda estavam com o Kauã. Eles conversavam e riam sobre alguma coisa. -Oi gente. -Falei sorrindo.

-Chegou quem faltava. -A Karina falou animada. -Tira essa roupa e vamos entrar logo nessa piscina. Está mega calor.

Dei um risada, mas não discordei. Tirei a roupa que estava por cima do meu biquíni e senti os olhos do Kauã caírem sobre mim (ele sempre bem discreto, mas eu sempre perceptiva). Obriguei-me a não corar e consegui. Não senti meu rosto queimar.

Nós quatro entramos na piscina e nem vimos a hora passar. Depois de um tempinho saímos para comer e o Kauã foi ficar com outras pessoas. Eu e meus amigos continuamos na piscina. Pessoas iam e vinham e continuávamos ali.

-Vamos jogar verdade ou consequência, bora? -Um dos amigos do Miguel nos chamou. Tá, acho que está na hora de uma breve explicação.  Existem grupos de amigos que jogam uma pelada, apostam em poker e outras coisas, mas o grupinho do meu irmão gosta mesmo é de jogar verdade ou consequência (vai entender). O grupinho é sempre bem seletivo, buscando manter o que foi dito em segredo e até que funciona bem. Como eles jogam constantemente isso, às vezes até sem usar uma garrafa ou algo para girar, já estão acostumados com desafios e perguntas  pesadas e não têm a oportunidade de recusar (eles usam o bom senso na hora de desafiar ou na hora de querer saber de alguma coisa e sabem qual é o limite).

Olhei para os meus amigos e esperei que respondessem. Eu nunca fui um livro fechado ou que tivesse muito a esconder, então nunca me importei de brincar. Já os dois eu não tinha ideia. Se não me engano, só jogaram isso com eles uma vez e se saíram muito bem. Mesmo assim, sabia onde estariam se enfiando caso aceitassem.

-Vamos. Por que não? -O Gustavo respondeu animado.

Saímos da piscina e fomos para a rodinha. Tinha umas quinze pessoa no máximo. Outras pessoas ainda aproveitavam a festa, mas o Kauã, anfitrião, estava conosco e as pessoas não pareciam se importar.

-Com garrafa ou a gente escolhe? -A Anne, uma menina ruiva, perguntou. Por votação, escolher ganhou e eu já sabia que viria muita merda e é disso que eles gostam. O Jucie, um menino com um cabelo black muito lindo e muito amigo do Miguel, disse que começaria.

-Miguel... -Ele disse com uma cara malvada e meu irmão xingou.

-Qualquer pessoa, menos você... -Todos riram, mas o meu irmão ficou com uma cara muito grande de bosta. -Verdade.

-Conte alguma coisa da sua vida amorosa que a Fernanda não saiba. -Várias pessoas arregalaram os olhos e, discretamente, a Karina enrijeceu.

O Miguel olhou para todos e ao chegar seu olhos na Karina, demorou mais que o necessário e em mim também. Seus olhos me pediam compreensão e eu, como ótima irmã, concordei de uma forma que só ele entendeu.

A verdade que é usada nesse jogo, não é necessariamente uma pergunta que você responde V ou F, pode ser qualquer coisa e você tem que dizer a verdade.

Eu não sabia porque ele queria omitir esse assunto de todo mundo, mesmo parecendo tão óbvio. Ele não iria mentir, as pessoas são bem honestas aqui, mas não iria dizer o que o Jucie queria  escutar.

-Eu perdi meu BV com a melhor amiga dela no dia da sua festa de 8 anos. -A Karina olhou para mim brava. -Ex. Ex melhor amiga. -O Miguel concertou rindo.

-O que? -Arregalei os olhos. -A Daniela? -Eu realmente não sabia e o susto foi real. Até por que, na época, mesmo com uns 10 anos ( ela era mais velha dois anos, sim), ela namorava sério.

-Tudo bem, valeu. -O Jucie falou decepcionado. Às vezes, a jogada não da certo e a gente tem q aceitar.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora