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Depois das aulas na quarta eu fui direto para a empresa dos meus pais, pois eu consegui um tempo durante o espediente deles para conversar sobre a compra do parque. Hoje cedo, quando contei para os meus amigos e meu irmão, eles me chamaram de maluca por querer investir em uma coisa tão aleatória. 

-Boa sorte. -Meu irmão falou enquanto saíamos da escola. -Você vai precisar. 

-Ah, Miguel! Até parece que não conhece minha capacidade de conseguir as coisas! -Dei um sorriso contando vitória. Eu tinha certeza que ia conseguir e sei que o Miguel também tinha e só me desejou sorte para provocar. 

-Eu conheço, pequena! Oh, se conheço! -O Zé estava parado bem em frente ao portão e ficou combinado que eu iria com ele, já que rumaria para um lugar mais longe. 

-Até mais tarde. -Falei abrindo a porta do carro, mas ouvindo meus amigos me desejarem sorte. 

-Oi, Zé. -Falei sorridente. 

-Hum... -Ele deu a partida no carro. -Acho que é a primeira vez que te vejo sair de carro comigo da escola com um sorriso no rosto. 

-Eu vou comprar a praça abandonada... Eu não... Meus pais. -Ele arregalou os olhos e riu. -Na verdade estou indo pedir agora. 

-Ah, Nanda. Você é tão incrível. -Ele disse prestando atenção no transito. -Mas me responde... É por você ou por aquele menino? Zack, né? 

Pensei antes de responder. 

-Sim e não... Aquela praça significa muito para ele, mas também significa muito para mim... E sei que deve significar muito para muita gente. É muito triste ver um lugar como aquele morto! 

-Concordo com você. Eu lembro que quando a Mirela era nova eu a levava para brincar naquele parque. Ela já quebrou alguns ossos naqueles brinquedos. -Ele disse rindo e nostálgico. -Se conseguir convencer seus pais, eu ajudo no que precisar. 

-Obrigada, Zé! -Ele parou na entrada da empresa, eu agradeci pela carona e saí do carro. 

Entrei na empresa e falei logo com a primeira secretária. 

-Boa tarde, o andar da minha mãe. -Disse para onde queria ir. 

-Boa tarde, Senhorita Fernanda. Sétimo. -Ela sorriu para mim e eu retribuí. 

Andei até o elevador e fui direto para o andar indicado. Assim que cheguei falei com outra secretária, mas essa eu conhecia bem. 

-Oi, Lara! -Abri um sorriso para a amiga da minha mãe que me conhece desde sempre. Ela levantou para me dar um abraço.

-Oi, Fernanda! -Ela me segurou pelos braços antes de me abraçar. -Olhe só para você. Está tão linda. -E me abraçou.

-Que isso, Lara. Sou a mesma pirralha descabelada de sempre. -Ela deu uma risadinha. 

-Sua mãe está te esperando, pode entrar. -Ela recuperou a pose profissional. 

-Obrigada. -Andei a até a sala da minha mãe e entrei sem bater. 

-Oi, filha. -Ela parou a conversa que estava tendo com meu pai e abriu um sorriso para mim. 

-Oi, mae. Oi, pai. -Ele sorriu para mim. Conversamos brevemente sobre meu dia na escola e parti direto para o assunto, estava muito animada e quase não consegui prestar atenção em nada hoje, isso quando eu estava acordada... Passei a madrugada inteira pesquisando números, paisagistas, pedreiros e várias outras coisas. Queria que tudo estivesse bem certinho para falar com meus pais. -Eu quero que vocês me ajudem a comprar uma praça. -Meus pais se olharam e depois me olharam sem entender o que eu falava. Desenvolvi a história, falando o quanto aquele lugar significava para mim, mostrei todos os dados que eu havia coletado de quanto, mais ou menos, daria a reforma e tudo mais que se precisa para convencer os pais a deixarem uma adolescente de 17 anos comprar uma praça. 

-Como você conseguiria fazer uma obra desse porte por esse preço? -Meu pai perguntou abismado. 

Dei de ombros. 

-Ué, é só pesquisar. 

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora