32.

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Saímos de casa e acabamos indo em casais para a festa, cada um em um seu carro.

-Não seria mais econômico ir todo mundo em um carro só? -Meu irmão perguntou.

-Seria, mas cada um vai para um lugar diferente depois da festa, então nem rola. -O Kauã falou.

Entrei no carro com o Kauã e ele deu a partida.

-Podemos conversar? -Perguntei já na metade do percurso quando vi que ele não quebraria o silêncio.

-Sim. Vou te levar em um lugar. -Ele deu meia volta e parou na entrada de um teatro que não parecia estar em atividade. -Vamos. -Ele desligou o carro e saímos.

-Podemos estar aqui? -Perguntei enquanto entrávamos no teatro.

-Não. -Ele me olhou, abriu um pequeno sorriso e continuou andando.

-Ótimo. -Sentamos em uma das cadeiras da plateia.

-Eu gosto daqui. Foi onde cantei pela primeira vez. -Ele deu uma risada. -Não encheu nem um lado do teatro.

-Eu lembro! -Disse recordando. Lembro quando o Miguel encheu o saco dos nossos pais para comprar o ingresso para o show do melhor amigo. Eles deveriam ter uns 13 anos. -Você cantou bem.

-Que bom que alguém acha isso. -Seu comentário instaurou o silêncio no ambiente. Um silêncio bom, mas que precisava ser quebrado. -Desculpa... -Ele disse depois de um tempo, pois eu ainda não havia formado em palavras o que eu queria dizer.

-Não... Você não disse nada demais, eu que...

-Não foi você, Fernanda. Eu não devia ter falado aquilo e eu sei como você entendeu. Do jeito que eu falei, parecia que eu não ligava para nossa relação e que eu achava que ela nunca deveria ter acontecido. -Assenti. -Se tem uma coisa que eu nunca vou me arrepender é de ter deixado meus amigos me incentivarem a te chamar para sair aquela vez.

-Eu gostava da gente... -Olhei para ele. -Não, na verdade... Eu amava a gente.

-Eu também. -Ele sorriu e eu instantaneamente sorri.

-Quando nos afastamos tanto, Kauã? Desde quando eu fujo alguém? Principalmente de você.

-Você não...

-Fugi. Depois que você disse aquilo na praia, eu sabia que eu quem deveria ir atrás de você, mas todos os dias eu me limitei a achar uma desculpa que me faria não ter que ir, até que você teve que viajar e facilitou as coisas. Eu me senti tão lixo, eu não poderia ter sido tão covarde, mesmo que você tivesse falado algo que não me agradou, eu não deveria ter feito o que eu fiz. -Olhei para os meus joelhos.

-Ei. -Ele levantou meu rosto e me fez olhá-lo. -Já passou. Vamos seguir em frente e não viver do passado. Eu errei e você também. Pronto. Passou. -Sorri. Ele falando tudo parecia tão mais simples e fácil, por que?

-Obrigada.

-Pelo que?

-Pela sua compreensão. -Ele aproximou seu rosto do meu.

Queria beijá-lo. Agora não sabia se mais ou menos que no dia da praia. A única certeza que tinha era que queria. Precisava sentir seus lábios nos meus novamente, nem que pela última vez só para colocar um ponto final em meus sentimentos. Fechei os meus olhos e esperei o que aconteceria nos segundos seguintes.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora