43.

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-Eu tenho uma afilhada. -Ele me olhou com um sorriso bobo no rosto. Parece que a história do irmão vai ficar mesmo para uma outra hora e acho que vai ser bom, não sei se queria que ele contasse para mim, Fernanda. Eu, Bianca, estou começando a gosta de verdade dele, mesmo com nossa relação complicada, e não acho que seria legal ele preferir contar algo a uma estranha... Meu deus, isso é muito estranho! Socorro!

-Na verdade, ela é meio que tudo para mim. Afilhada, sobrinha, amiga, irmã e até filha, o nome dela é Luna e tem dois anos... Não, pera... Hoje é aniversário dela, três agora. -Ele falou bem triste, mais triste do que eu um dia já imaginei que ele pudesse ficar. -Ela é filha da minha melhor amiga. Bom, eu continuo considerando ela, embora hoje ela nem olhe na minha cara e, acho, que se ela tivesse oportunidade me mataria. Eu e a Sandy, minha melhor amiga, costumávamos ser grudados, no sentido mais puro da palavra, nunca sentimos nada a mais um pelo outro. Ela me apoiou e ajudou todas as vezes que eu precisei, mas, um dia, eu fiz uma coisa que ela me culpa até hoje, só que... Sabe? Eu não me arrependo. Sei que pode parecer horrível, mas fazer o que? É como eu sou... Enfim, o que eu fiz não vem ao caso. O que importa é que eu sinto muita falta delas, da Luna então, caramba! Eu nunca achei que seria obrigado a me afastar das mulheres que eu mais amo nesse mundo. Não tem um dia que passe que eu não sinta vontade de pegar o telefone e ligar para elas. 

-Então liga. -Eu o interrompi e ele ficou sem ação/reação. -O que pode acontecer? Ela gritar contigo? Desligar na sua cara? Ela já te magoou o bastante. E se ela já jogou todas as verdades na sua cara, como disse que fez, o que mais ela pode te dizer para te deixar pior? -Acho que as palavras que eu usei não foram lá das melhores, mas agora já era. 

Liguei rapidamente a Sandy a mulher que eu liguei no dia que o levei para o hospital. A menina que gritou horrores e desligou na minha cara. O que o Zack fez? Eu não tenho ideia, só que sei que ela realmente o culpa muito por isso, seja lá o que for. 

-Eu não sei, não. -Ele estava indeciso. 

-Se eu e o Kauã tivéssemos continuado conversando quando ele saiu em turnê, eu poderia não estar tão em dúvida assim. Se o Alexander Graham Bell tivesse desistido de tentar, não teríamos o telefone. Ou... Se o Santos Dumont tivesse desistido, não existiria o avião. 

-Nisso ai há controvérsias... 

-Não foca no problema da avião. -Falei quase que ignorando o comentário dele. -Foca em você e na Sandy, né? -Esperei uma confimação de que esse era mesmo o nome dela. -Você sente falta dela e da sua afilhada. Hoje sendo o aniversário dela, não acha que seria um bom dia para dar parabéns? Por que a sua amiga pode te odiar, mas não acho que sua afilhada o odeie. 

-Ela nem deve lembrar de mim e do jeito que a Sandy tem uma personalidade forte, deve ter transmitido seu ódio por mim para a filha, mesmo que por osmose. 

-Tenta! -Insisti e, com um sorriso (lindo) no rosto, ele assentiu. 

-Farei isso quando voltar para casa. -Olhamos para o mar e depois de um tempo em silêncio, ele o quebrou. -Por acaso teve notícias da sua amiga hoje? 

-Hum... -Falo que somos amigas bem próximas ou que só nos esbarramos de vez em quando? Mentir para conhecidos não era mesmo o meu forte... 

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora