23.

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Assim que saí do taxi, quis demorar o máximo que pudesse para entrar no hospital, mas não era tão longe.

Entrei e dei de cara com a enfermeira, ela parecia estar me esperando.

-Oi. -Ela abriu um sorriso. -Vamos? -Eu precisava deixar meu nervosismo de lado e sorrir.

-Vamos. -Abri um sorriso maior do que eu queria.

Caminhamos lado a lado até a porta do quarto dele.

-Ele lembrou de mim tão rápido assim? -Perguntei tentando entender se ele tinha dito algo sobre não ter uma namorada.

-Sim. Seu nome foi a primeira coisa que ele falou assim que entrei aqui. -Olhei para a porta. -Bom, eu vou dar uma olhada em outros pacientes e depois volto para ver como ele está. Só queria dizer que o médico já veio aqui e depois ele vai voltar para te explicar tudo. -Ela sorriu para mim e saiu andando pelo longo corredor.

Coloquei a mão na maçaneta e não hesitei em abrir, pois caso o fizesse teria chance de sair correndo. Abri a porta de uma vez só e não me importei se isso o assustaria. Eu estava assustada demais para pensar em como ele iria se sentir.

-Quem é você? -Assim que ele entrou no quarto, antes de me tacar a pergunta, dei de cara com ele vendo TV. Ele não me pareceu assustador ou perigoso.

-Você não quis dizer "Obrigada pessoa estranha por não me deixar morrer e me trazer para um hospital depois que eu apanhei covardemente" ?

-Não. Eu realmente quero saber quem é você. -Ele falou insistindo.

Seus olhos, como eu havia vagado nos primeiros dias querendo saber a cor, eram azuis e sua voz combinava com tudo nele.

-Eu sou uma pessoa que estava voltando para casa quando vi você apanhando, fiquei sentida e te trouxe para cá.

-Uma pessoa que tem dinheiro para pagar diária nesse hospital para um estranho estava voltando para casa a pé? À noite?

-Qual problema? O que meu dinheiro tem a ver com o fato deu gostar de andar à noite?

-Cadê meu celular? -Meu medo, que havia sumido por alguns poucos minutos, voltou.

-Está escondido na minha casa. Disse para os médico que os caras tinham levado.

-Por que? -Ele perguntou me estudando.

-Não acho que se eles vissem o que tinha no seu celular, eles iriam acreditar na minha história.

-Você... -Ele alterou um pouco a voz, porém tanto eu como ele queríamos ser discretos. Os dois tinham coisas a esconder. Eu por ele e ele por ele mesmo, não parecia se importar com os outros. -Você leu o que tinha no meu celular? -Ele perguntou controlando o tom de voz.

-Eu precisava saber se você tinha alguém. Família. Amigos. Eu cheguei a ligar para uma pessoa da sua lista de contato, mas ela meio que me, me não, te xingou e desligou na minha cara.

-Melhor amiga. -Ele sussurrou e pela primeira vez pareceu baixar a guarda.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora