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Ele me levou em um restaurante mexicano. Não tinha boas experiências com comida mexicana... A única vez que eu comi, tive uma tremenda briga com ele, espero que isso não se repita. 

-Você tem certeza que é seguro para você estar aqui? -Olhei para os lados procurando alguém que poderia querer fazer algum mal para ele. 

-Ei. -Ele segurou meu rosto delicadamente. -Relaxa. -Suspirei. -Eu estou livre agora! -Ele estampou um sorriso enorme no rosto. 

-Como assim? -O garçom chegou bem na hora. 

Como eu não sabia nada da culinária mexicana, deixei o Zack pedir por nós dois. Na verdade, eu só queria que o garçom fosse embora. Demorou um pouco, ou eu que estava vendo o tempo demorar mais a passar do que o normal. 

-Vai me conta! -Pedi assim que ele foi embora. 

-No início da semana eu paguei minha última dívida. Agora eu estou cem por cento pronto para recomeçar a minha vida. -O sorriso continuava em seu rosto e um começava a aparecer no meu. 

-Ai, meu Deus, Zack! -Falei muito orgulhosa. -Fico tão feliz em saber disso, você não tem ideia! 

-Obrigada, Bianca! -Ele olhou no fundo dos meus olhos e eu arrepiei (preferi acreditar que era por que o restaurante estava frio). -Eu não teria conseguido sem você pegando no meu pé e enchendo meu saco. -Revirei os olhos. 

-Você merece, Zack! Essa conquista e todas as outras que ainda vai conseguir. Estou muito orgulhosa de você! 

-Ah, não é para tanto, vai. -Ele parecia estar, o que? Com vergonha? Não sabia decifrar. Fiz uma cara feia e ele riu. 

-Ninguém acredita em mim há muito tempo, Bianca. -Ele adquiriu uma postura mais séria. -Pelo que consigo me lembrar a última vez que acreditaram em mim eu tinha 16 anos. -Levando em conta que ele tinha 21, era bastante tempo, mas no que dependesse de mim, ele nunca mais estaria sozinho. -Cadê aquele sorriso que estava no seu rosto há minutos atrás? -Só então percebi que minha cara tinha fechado e eu estava melancólica. Como alguém tão incrível como o Zack pode não ter ninguém que se importe com ele? O que de tão grave aconteceu para que a Sandy, a melhor amiga dele, cortasse totalmente relações com ele? 

-Desculpa, é que... 

-É que nada... Foca na parte boa. Eu estou limpo! -Ele me olhou e já sabia que ele ia pedir alguma coisa. -Eu queria discutir com você, a possibilidade de alugar a casa da praia. -Eu ia o interromper, mas ele não permitiu. -Eu sei que você fala que eu estou impedindo aquele lugar ficar cheio de poeira, mas eu me sinto como se tivesse morando de favor... Queria ver a possibilidade de tornar aquele lugar mais temporário na minha vida. 

-Olha, Zack, eu não consigo me ver cobrando você para ficar lá. 

-É isso, ou eu vou me mudar para Santa Catarina! -Ele falou decido. Eu tinha medo de contrariá-lo e ele ir mesmo. Quando aquele garoto coloca uma coisa na cabeça, não tem quem tire. 

-200 reais por mês. -Falei decidida. -É isso ou você se muda para Santa Catarina. 

-Ainda bem que você não é do ramo imobiliário. -Dei uma risada. 

-E ai? É pegar ou largar... Mas eu sei que vai aceitar, porque sei que morreria de saudades de mim se eu fosse embora. -Falei zoando

-Eu vou aceitar, mas não só por isso. Você é a única pessoa que eu tenho no mundo, a úncia que se importa comigo. -A comida chegou. E, olha, que horário oportuno, pois eu não tinha ideia de como responder aquele comentário. 

O horário da comida para o Zack era sagrado, não falávamos, apenas comíamos. Assim que acabamos, ele pediu a conta e disse que queria me levar em um lugar que não era longe do restaurante. 

-Me matriculei ontem em um curso de culinária. -Ele falou me olhando, enquanto caminhávamos. -Começa segunda-feira. -Caramba! Que orgulho desse garoto! Eu queria gritar pro mundo o quanto eu estava feliz com a mudança que a vida dele sofreu. 

-Assim você vai poder aprender e me ensinar. 

-Eu já sei cozinhar, bebê, e nem que eu fizesse um milagre ou incorporasse o Alex Atala você aprenderia a cozinhar. 

-Essa doeu. -Ele riu e eu também. Eu era um desastre na cozinha e sabia disso. Só eu conseguia aguentar o gosto da minha propría comida, se é que eu posso chamar a gororoba que eu faço de comida. 

-É aqui. -Paramos no parque abandonado da cidade e, pelo o que eu podia ver, estava fechado. Era um parque antigo que tinha um lindo jardim, só que o tempo tratou de deixá-lo ser abandonado e, como ninguém dava muita importância para aquele maravilhoso lugar, toda vida morreu. 

-A entrada do parque? 

-Não, né? O parque.

-Você está me levando para o meu caminho. 

-Você me levou para o bom, nada mais justo eu te fazer quebrar umas regras. 

-Não é só uma regra, Zack. É uma lei. -Ele fez uma cara engraçada. 

-Tem diferença? -Ele perguntou sarcasticamente e eu ri. 

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora