62.

7.1K 645 122
                                        




-Circo é tão legal assim, sempre? -Ele perguntou pela infinita vez, entrando em casa. -Como você não gosta de palhaços? Eles são muito engraçados.

-Primeiro, circo é sempre legal. Segundo, palhaços são um porre. E Zack, pelo amor, né, cê ri de tudo.

-Quer água? -Sentei no sofá enquanto ele ia na cozinha.

-Quero. -Peguei meu celular e mandei rápido uma mensagem para a Júlia.

"Se minha mãe perguntar, eu dormi na sua casa".

"O QUE? ONDE C TÁ , DOIDA! "

"Eu to no Zack. Só isso. "

"hmmmmmmm. blz"

Quando vi que ele estava voltando, guardei meu celular na bolsa e ele me entregou a água.

Por que eu mandei a mensagem para a Júlia? Não tinha certeza, mas eu só não queria voltar para casa. Não hoje.

Bebi a água com os olhos do Zack diretamente sobre mim.

-Tem algo sujo na minha cara? -Perguntei de tanto que ele me olhava.

-Você é tão linda. -Foi sua resposta. Senti que corei. -Por que sempre cora quando eu te chamo de linda? -Corei mais ainda.

Ele colocou as mãos nas minhas bochechas rosadas e eu senti um calor invadir o meu corpo. Isso é normal? Fechei meus olhos instantaneamente, mas assim que percebi o feito, os abri o mais rápido que pude. Não foi o suficiente, o Zack havia reparado o efeito que seu toque tinha causado em mim.

A casa estava em perfeito silêncio, nenhum eletrônico estava ligado e seus cachorros dormiam. O único som que eu escutava, era o das nossas respirações. A minha, em particular, estava irregular.

-Não estou acostumada a ouvir elogios. -Falei num sussurro.

-Isso é impossível! Com certeza tem gente que te elogia.

-Talvez. -Zoei.

-Só que ninguém mexe tanto contigo quanto eu. -Ele sussurrou essas palavras e meu coração acelerou. O Zack abriu um sorriso carinhoso e, ao mesmo tempo, safado.

-Quem disse que você mexe comigo? -Coloquei uma das mãos em seu queixo.

-Seu corpo. -Ele colocou uma das mãos na minha nuca e enrolou uma mecha do meu cabelo em seu dedo. Meu corpo se arrepiou todo. -E o jeito que ele responde ao meu toque. -Com a outra mão, ele alisou meu ombro até chegar em minha mão, fazendo meu corpo se arrepiar mais ainda. Ele parecia se divertir com isso.

-Você é muito convencido. -Queria que minhas palavras saíssem mais fortes e convincentes, mas tudo saia como um sussurro.

-E você? Marrenta! -Eu não ia deixar ele achar que tinha tanto efeito assim sobre mim. Ele quer jogar, então vamos jogar!

-Você não é tão encantador assim, não, Zack. -Mordi o lábio inferior.

Dessa vez minha voz saiu mais forte.

-Bonito? Você é. -Com uma das mãos coloquei seu cabelo atrás de sua orelha. -Legal? Também. -Continuei ajeitando seu cabelo. -Mas o seu erro é achar que você consegue causar algum efeito sobre mim enquanto eu não consigo sobre você. -Contornei a cabeça dele, bem devagaro, com a minha mão, até chegar em sua nuca. Ele fechou os olhos e deu uma leve mordida em seu lábio.

Se eu tinha minha nuca como ponto fraco, o dele era em dobro. Todas as vezes que brincávamos de cosquinha ou lutinha, era só encostar na nuca dele que a vitória era certa.

Nossos corpos pareciam se atrair como imãs de polos opostos. Estávamos tão próximo que eu conseguia perceber que sua respiração também estava irregular, queria que nossos corpos se tocassem logo, mas não queria deixar isso claro. Não precisava dele me zoando depois. Nossos olhos não se desconectavam e nossos corpos não paravam de avançar um contra o outro. Nossas testas se tocaram e, com uma mão, ele levantou meu rosto e nossas bocas ficaram na mesma direção.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora