98.

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O Zack, do nada, depois de passarmos o dia todo na praia, resolveu que queria cozinhar lagosta, o que nos fez juntar as coisas para ir embora. 

-Sério, Zack? Mil empadinhas passando e você quer lagosta? -Perguntei enquanto andávamos. 

-Fernanda! Eu não posso fazer nada se você tem um gosto muito ruim! 

-Devo ter mesmo, gosto de você! -Dei de ombros e ele me olhou feio. 

-Só por isso vai ficar sem comer minha lagosta. 

-Não precisa nem dizer duas vezes, criança. Só lula consegue ser pior que isso. -Eu só queria chegar em casa e me entupir de pudim enquanto ele comia aquele troço fedido. 

Um pouco a nossa frente, tinha uma criancinha correndo na areia enquanto a mãe (ou responsável, não sei) olhava e sorria. O Zack adquiriu uma postura diferente e eu não conseguia entender porque. 

Ele parou de andar e eu parei ao seu lado. 

-Zack, está tudo bem? -Perguntei preocupada. 

Ele abriu um sorriso. Meu deus, alguém me diz o que esse menino tem? 

-Zack! -Balancei a mão na frente do seu rosto, mas ele estava ocupado demais encarando a criancinha com orgulho? saudades? felicidade? . Liguei os pontos... Luna... 

-Luna! -A mulher... Ou melhor, a Sandy (?) gritou quando viu a menininha se aproximando demais da água, mas ela não parecia ouvir. 

O Zack via a mesma cena que eu, mas não se mexia ou tentava falar alguma coisa. A Luna continuou andando até a água chegar ao seu joelho, quando ela parou e olhou para a mãe com um sorriso no rosto. Porém, ela não sorria de volta. Atrás da filha, uma onda crescia e mesmo que a Sandy gritasse para ela, era tarde demais para impedir que levasse um caldo. Não era uma onda grande, mas era de tamanho suficiente para permitir que uma criancinha se afogasse.

A Sandy levantou desesperada para ir até a filha, mas o Zack foi mais rápido e a pegou no colo. Corri até a beirada da água, mas nada eu podia fazer. 

O Zack colocou a Luna sentada na areia. Apesar de estar com um pouco de tosse, estava bem. 

-Filha! Meu amor! Luna! -A Sandy abaixou do lado dela e o Zack chegou um pouco para trás. Eu via a cena mais de longe. Não queria estar muito perto quando a Sandy desse conta de que seu ex melhor amigo estava ao seu lado. -Você está bem? Se mac...

-Padrinho? -Ela disse com dificuldade. Olhei para o Zack e vi o sorriso mais lindo e sincero que alguém poderia dar. Um sorriso cheio de amor e saudade. 

-O que... -A Luna levantou, mas ela deu um pulo e agarrou o pescoço do Zack. 

A Sandy levantou e olhou para o cara que sua filha agarrava o pescoço. Medo... Foi o que vi em seus olhos... Não... Era mais que medo...Pânico. 

O Zack reparou na expressão dela e pude perceber algo se quebrando dentro dele. Era como se ele tivesse decepcionado uma pessoa que passou a vida toda tentando orgulhar. Ele não merecia aquele sofrimento, não merecia ser acusado e odiado por uma das pessoas que ele mais ama... 

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora