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O Zé levou a gente em duas viagens para casa da amiga do meu pai.

Eu pensava que seria um simples churrasco, com algumas coisas a mais, porém errei completamente. Ela havia feito uma super produção. Tinha garçon, bartender, dj e vários outros empregados, sem falar nos fotógrafos. Sem brincadeira, deveria ter uns cinco jornalistas de revistas diferentes ali só para cobrir tudo.

-Oi, Nandinha! -O filho dela me cumprimentou com um sorriso no rosto assim que me viu.

-Oi, El! -O cumprimentei de volta.

Bom, eu e o Daniel tivemos um rolo no ano passado quando eu e o Kauã terminamos. Ficamos juntos por um mês e pouquinho e quando ele disse que procurava algo mais sério, eu corri. Não conseguia pensar em relacionamentos ainda.

Ele falou com meus amigos e eu o apresentei para o Zack e para a Júlia.

-Vou pedir uma bebida, querem? -Nós concordamos e ele foi até o bartender. Nesse meio tempo a mãe dele se aproximou de mim, apesar de amostrada, era uma pessoa legal.

-Oi, Sara! Parabéns. -Dei um abraço nela. A apresentei para quem não a conhecia e todos dera os parabéns. O que para mim não faz sentindo. Você parabeniza uma pessoa por estar ficando velha?

Ela olhou feio para o Zack, como se ele estivesse caído de paraquedas ali na casa dela e eu fiquei muito constrangida por sua atitude. Implorei para todas as divindades existentes no planeta para que ele não tivesse percebido. A última coisa que eu queria era ver o Zack ser menosprezado por sua classe social, mas, infelizmente, era algo mais comum do que eu gostaria. 

-Então, vi você conversando com o meu bebê. Será que dessa vez dá certo entre vocês? -Amostrada e inconveniente. -Ou você ainda está sofrendo por aquele Kennedy? Kalvin? Kauã! -Muito, muito mesmo inconveniente! Como o Daniel consegue ser tão legal com uma mãe tão... tão... não tem nem adjetivo para descrevê-la.

Meus amigos prenderam o riso, o Miguel até colocou a mão na boca. O Zack fez uma cara de paisagem que eu não entendi muito bem e eu arregalei os olhos.

-Ah, Sara! Que saudade eu estava de você tacando as perguntas assim, na lata. -Meu irmão respondeu rindo, me salvando de passar uma baita vergonha sem saber o que responder ou de dar um tremendo fora nela.

-Eu só fiz uma pergunta inocente. -Ela se fez de sínica. -Eu sempre achei eles um casal bonito.

Tá legal, essa mulher não é legal.

-Já vi melhores. -O Zack sussurrou, mas como eu estava na frente dele, consegui ouvir.

-Aqui está a bebida de vocês. -O Daniel chegou segurando muitos copos, como eu não sei, só sei que ele fazia parecer fácil. Ele reparou a cara de constrangimento de todos, mas principalmente a minha. -Você não está constrangindo a Fernanda, está mãe? -Pegamos nossas bebidas em sua mão.

-Só queria saber de voc...

-Tá bom, mãe! Acho que aquele empresário lá que você falou a semana toda chegou. -Ele apontou para a entrada. -Vai lá. -Ele deu um leve empurrão na mãe que foi saltitando para a entrada.

Respirei aliviada.

-Fernanda, mil desculpas pela inconveniencia da minha mãe. Você não tem ideia de quanto eu já passei vergonha com ela fazendo essas coisas. -Ele colocou a mão na testa constrangido. -Desculpa mesmo.

-Fer, a gente vai ali comer. -O Miguel disse e todos saíram de perto da gente.

-Des...

-Para, El! -Falei rindo. -Chega de desculpa. Até parece que eu não conheço a sua mãe. -Ano passado ela me mandou mensagem e me ligou nos dois meses depois que eu e o Daniel tínhamos parado de ficar só falando para eu lhe dar mais uma chance. Sabia que essas atitudes não partiam dele e passei só a ignorar, inclusive, não sei nem se ele sabe dessas histórias.

-Acho que aquele Zack me odeia. -Ele falou tomando o último gole da sua bebida, olhando para alguém atrás de mim que deduzi ser o Zack.

-Por que odiaria? -Ele deu uma risada sarcástica e me olhou.

-Sério? -Ele perguntou seriamente. -Sério mesmo, Fernanda? -Eu assenti, sem entender onde ele queria chegar. -Garota, você já foi mais perceptiva... -Ele completou quando percebeu que eu não falaria nada. -Ele gosta de você. E olha, pelo jeito que ele está me olhando, gosta muito.

-Por que todo mundo deu de falar que ele gosta de mim ou que nos olhamos diferente? -Virei minha bebida de uma vez só. -E relaxa, ele tem uns olhares meio indecifráveis, mas não quer dizer que não gosta de você.

-Já parou para pensar que pode ser verdade? -Olhei para o Zack.

Ele me olhou, virou a bebida em um gole só e sumiu da minha vista.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora