37.

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-Bianca, não vem para cima de mim com aquele seu papo que você nunca pensou que tipo de pessoa eu sou, porque está na sua cara que é mentira. Você pode até não assumir para você mesma, mas é perceptível que quando eu me aproximo demais, tem medo de eu fazer algo contra ti ou quando meu telefone toca fica curiosa para saber se é um dos caras que viu no meu whats. Não sei porque tanto me ajuda, mas isso não muda o fato de que eu nunca vou ser bom o bastante, nada que eu faça vai fazer você achar que eu sou uma boa pessoa e eu não quero isso, sabe por que? Porque talvez eu não seja e fazer você acreditar em uma mentira só vai piorar as coisas no final.

-Não pode me julgar assim. -Larguei o talher.

-Você que me julga... Todo momento. É o jogo que eu jogo, a cocaína que não é cocaína... Você acha que eu não fiquei sabendo do dia que ligou para o meu trabalho para saber se eu existia mesmo lá? -Ia falar alguma coisa, mas as palavras não saíram.

Em minha defesa, me arrependi no segundo seguinte... Só fiz isso porque o Miguel enfiou na minha cabeça que ele poderia estar mentindo e se aproveitando de mim, me senti mal por dias.

-Por mais que não acredite, eu não tenho uma opinião negativa formada por você.

-Isso é mentira, Bianca. Se fosse verdade não teria medo e a forma que seu corpo reage as minhas reações te entrega quanto a isso. Você tenta esconder, mas eu conheço como um corpo reage quando exposto ao medo e é horrivel. Não deveria se submeter a isso.

-Quer que eu te expulse daqui? -Sério, quem esse menino pensa que é? Que merda! Eu o ajudo, dou um teto para ele morar até resolver a vida e é assim que ele agradece? Eu sei que ele não sabe falar "Obrigado", mas o nada corriqueiro era melhor que uma briguinha mesquinha e idiota com ele me julgando. -Quer que eu te largue na rua para apanhar de novo? Ou sei lá, te deixar para morrer. Por que não acho que quem te bateu está preocupado se vai te matar ou não. 

-A casa é sua, você faz o que quiser. -Levantei da mesa PUTA. 

-Você é muito, muito mal agradecido. Eu sei que dói em você agradecer, mas não precisa ser idiota e ficar julgando os outros. Falar que eu te acho um merda é fácil, mas você assume que já passou pela sua cabeça algo ruim sobre mim? Ou vai dizer que nunca desconfiou da minha generosidade? Nunca pensou que eu fosse mulher de alguns dos caras que você deve dinheiro e que estava fingindo só para te entregar no final? Ou que eu fosse te dedar para a polícia? -Ele ficou quieto. -É muita hipocrisia, Zack! Ah... Mas ao contrário do que deve estar passando pela sua cabeça agora, eu não vou te mandar ir embora daqui, mas tem toda a liberdade para ir se quiser, porém, uma vez que você for eu nunca mais vou querer te ver. Eu posso ser trouxa por ser tão generosa, mas eu nunca vou me arrepender de ter ajudado uma pessoa, mesmo que ela pouco se lixe para mim. Fazer o que, né? Eu sou assim, me importo com os outros, mesmo que esse outro seja você! Um mal agradecido. 

-Na verdade, tem uma coisa que eu quero saber de você. Por que se submete a sentir medo? Por que chama alguém que não confia para morar na sua casa? 

-Eu não dou para trás quando eu falo alguma coisa. Eu posso ter me arrependido no segundo seguinte que cheguei com você ao hospital, mas quando eu disse que te ajudaria, eu me comprometi. Não digo que vou te ajudar a ser uma pessoa melhor, longe de mim, você é o que você quiser, mas eu disse que ia te ajudar a ficar bom e estou te dando um tempo aqui para não receber uma ligação daqui a algumas semanas de um hospital falando que você está internado de novo, ou pior, morto... Estou te dando um tempo para pagar o que deve, falar com quem quiser falar, arrumar um emprego ou fazer qualquer outra coisa, não me importa. 

Saí da cozinha, peguei minha bolsa e me dirigi a porta. 

-Talvez você tenha razão, talvez eu tenha pensamentos ruins sobre você, mas não que você seja um criminoso, mas sim um idiota que se acha o dono da razão. -Abri a porta e saí batendo ela. 

Não quis ir para casa, não queria dar de cara com meu irmão e minha melhor amiga se pegando no sofá. Fui caminhar na praia, que mesmo estando perto da minha casa, me faria relaxar e não acho que daria de cara com o imbecil do Zack. 


Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora