Um estranho em minha vida

94.

Acordei no dia seguinte decidida que ia falar com Zack. Queria ter ido falar com ele ontem, mas precisava aproveitar a estadia do meu amigo no Rio. Agora que ele foi embora e tudo voltou ao normal, vou falar com ele.

Fiz carinho no Átila que dormia calmamente no meu pé. Quem dera eu poder dormir tranquilamente assim, sem ter que pensar em resolver problemas e fazer mil vestibulares ao final desse ano. Ele deu uma piscada, mas não se moveu.

-Eu te amo, meu bebê. -Dei um beijinho em seu focinho e saí da cama. Fiz minha higiene e coloquei uma roupa.

Não demorou muito para eu chegar em sua casa. Passei todo o caminho tentando não pensar no que falaria ou no que ele estaria pensando. Apesar de eu parecer calma, eu não estava. Passei a noite toda pensando no que o Zack estaria imaginando sobre o beijo, se ele achava que eu ainda gostava do Kauã... E pior, meu maior medo era dele ter ido embora de novo. 

Como eu fui burra para não ir atrás dele ontem à noite! 

Toquei a campainha e ninguém atendeu. Eu costumava só entrar, mas não sabia se ele queria me ver, então resolvi respeitar. Porém, como ele não atendeu, abri a porta. 

Entrei em casa e estava tudo arrumado e apagado, sem nenhum sinal do Zack. 

Eu poderia ter ido no quarto ver se ele estava lá, poderia ter ido na cozinha, visto se seus cachorros estavam na varanda, mas eu fiquei tão desesperada que só sentei no sofá. O silêncio era tão grande que tinha quase certeza que ele tinha ido embora, de novo... 

Uma lágrima saiu do meu olho e depois outra... Eu estava chorando sentindo meu coração se partir ao meio. 

Por que ele tinha ido embora? Para ele é isso? A gente tem um probleminha e ele larga tudo como se eu não fosse importante para ele? Por que ele é tão importante para mim? 

Eu não estava pensando direito, não tinha certeza se ele tinha ido embora, mas, na hora, o desespero era tão grande que eu fiquei cega. 

Chorava tanto que comecei a soluçar meio alto. 

-Princesa? Está tudo bem? Por que está chorando? -O Zack perguntou com uma voz sonolenta, mas de preocupação. 

Quando levantei os olhos para vê-lo, ele já estava parado na minha frente com um olhar de preocupação. Não pude deixar de prestar atenção no seu modelito: uma cueca vermelha. 

Agarrei seu pescoço com toda força que tinha e me senti inteira de novo. O medo de ter perder o Zack era tão grande e eu não saberia se conseguiria lidar com uma vida sem a sua presença. 

-Calma. -Ele fez cafuné na minha cabeça. -Está tudo bem, pequena. -Ele disse me reconfortando e não parecia estar irritado comigo. 

-Eu achei que você tinha partido de novo! -Falei com as lágrimas voltando só de pensar na hipótese. 

Ele me soltou e olhou no fundo dos meus olhos.

-Fernanda, eu não vou a lugar algum. 

-Eu achei que... 

-Não importa... -Ele falou como se soubesse o que eu iria dizer. -Aconteceu. 

-Não! -Falei decidida. -Eu não quero que você ache que eu ainda gosto dele... -Respirei fundo como se eu fosse fazer uma declaração bombastica. -Eu gosto de você, Zack.