Um estranho em minha vida

92.

Depois deu ter falado para todos os meus amigos que o Zack tinha passado mal e ido embora, fomos para o rodízio. Comemos o que conseguimos e mais ainda. Eu e o Kauã, como de costume, competimos para ver quem conseguia comer mais e quem ganhou foi... 

Isso mesmo, a Júlia, que nem participar participou. Ela conseguiu comer disparadamente umas dez fatias a mais que todo mundo e bebendo absolutamente nada. 

-Se eu nã conhecesse a Júlia desde pequena, iria dizer que não comia há muitos anos. -O Gustavo disse e a Jú revirou os olhos. 

-Queria comer tanto assim e não engordar. -A Karina falou. 

-Por que você é super gorda, né? -A Júlia rebateu. 

Percebi que o Miguel e o Kauã conversavam baixo e paralelamente. Quis saber do que falavam, mas eu estava do outro lado da mesa e tinha muito barulho. 

Conversamos mais um pouco sobre a vida, até que o Kauã disse que precisaria ir embora. Achei meio estranho, já que o que ele teria para fazer as onze da noite? Só que, vai saber! 

Nos despedimos dele. 

A conversa estava tão boa e o clima tão agradável que resolvemos ficar mais um bom tempo ali. 

KAUÃ NARRANDO 

Eu nunca neguei que sempre fui apaixonado pela Fernanda, desde quando os dentes de leite dela ainda existiam. Tudo bem que, naquela época, éramos novos demais e não levava o sentimento a sério. Porém, quando crescemos eu vi que eu gostava dela de verdade. 

A nossa relação nunca foi fácil, eu queria ficar com ela e falar o que eu sentia, mas tinha medo de fazê-la sofrer. Além de que ela é minha amiga e irmã do meu melhor amigo. Depois de alguns empurrões de umas pessoas eu arrumei coragem para chamá-la para sair e o resto é história... A nossa história... 

Desde quando ela me beijou no aeroporto, eu não via a hora de reencontrá-la e poder retribuir o ato. Sonhei tanto com o beijo e com a possibilidade de ficarmos juntos. Mas, hoje, quando vi como ela ficou triste quando o Zack me viu a beijando, soube que jamais ficaríamos juntos de novo. Ela já não sentia mais a mesma coisa por mim e eu a respeito, como sempre respeitei. Não é porque eu sou completamente apaixonado por ela e a amo que vou obrigá-la a ficar comigo. Eu já a tenho, pode não ser como namorada, mas é como amiga e, apesar de doer em mim, sei que ela me ama e confia em mim e isso sendo o bastante para ela, me deixa feliz. 

Eu me senti tão mal pela situação que a coloquei eu precisava consertar. Vi nos olhos dela que queria ir falar com o Zack e dizer que eu a tinha beijado, mas, ao mesmo tempo, ela queria ficar comigo, pois sabia que amanhã eu já estaria em outro estado. Só que, para mim, não era o suficiente. Não podia deixar o garoto ficar com ciúmes dela por algo que eu fiz. Ela nem me beijou de volta e ele precisava saber disso, por mim. Não acho que ele vá gostar de mim, mas eu vou fazer a minha parte. 

Peguei um táxi até a casa de praia da Fernanda, que eu sabia muito bem onde ficava, e, assim que cheguei, toquei a campainha. 

Ele demorou a abrir e eu toquei de novo, estava determinado a não ir embora até falar com ele. 

A porta abriu. 

-Fernan... -Ele começou a falar olhando para o celular, mas parou assim que me viu. -Kauã? -Perguntou confuso. 

-Podemos conversar? -Perguntei meio sem graça.