17.

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-Oi. Bianca, certo? -Assenti com a cabeça e deixei minha mochila no canto.

-Está tudo bem com ele? -Perguntei mesmo sabendo que ela só estava passando por rotina.

Bom, eu acho que não falei, mas uma médica, depois de uma semana e meia conseguiu descobrir o por que dele estar em coma por tanto tempo. Ela achou um leve traumatismo cranianio em uma parte de sua cabeça. Não entendi muito bem o que era, mas saber o que era e que ele ia acordar a qualquer momento me deixava com um pingo de esperança. Depois de um tempo eu aceitei que ele estava sozinho no mundo, pois não ouvi ninguém querer saber dele ou ao menos procurar por seu paradeiro. Seu celular só tinha umas mensagens de uns caras mega estranhos falando coisas estranhas e quando vi que ninguém se importava com seu paradeiro, deixei seu celular morrer e, atualmente, ele se encontra escondido muito bem em meu quarto.

-Sim. Só estou trocando o soro. -Ele terminou de mexer no soro, pegou uma prancheta e me olhou. -Um mês e alguns dias e você continua vindo, é muito mais tempo que a maioria dos namorados e namoradas. Você deve o amar muito. -Ela deu um sorriso para mim e eu não soube o que responder. Hesitei, mas ela não percebeu.

-O amo. -Menti, olhando seu corpo adormecido na cama.

-Os enfermeiros conversam muito por aqui... Nós te admiramos. Já vimos pessoas acordarem do coma e não terem ninguém ao lado. Não pense que só idosos, jovens também. Pais ocupados demais cuidando de seu dinheiro, namorados que arrumam outro e esquecem que a pessoa existe. É muito triste.

-Eu nunca o abandonaria. -Eu podia ter parado por ali, mas complementei a frase. -Nós nos dávamos tão bem.

-Se me permite perguntar... Como se conheceram? -A enfermeira era uma fofa, muito simpática e eu não queria ser rude.

Boa pergunta. Eu estava voltando para casa, vi ele apanhando e o trouxe para cá. Fim.

Pensa Fernanda...

-Eu tinha 15 anos e ele 18. Eu estava voltando para casa a pé, depois de ter passado o dia inteiro na escola e já era de noite. Tinha eu e ele na rua, mas mais a frente, tinha um grupo estranho de meninos dando uma festa. Todos estavam bebedos e tinham cara de estarem loucos para fazer algo ilegal. Eu fiquei desesperada e quis voltar a rua toda, mas eles já tinham me visto. Foi quando o Zack se aproximou de mim, disse um "Oi. Fica tranquila. Só passar reto e não olhar". Foi exatamente o que eu fiz, mas eles vieram para cima de nós. O Zack mandou eles se afastarem e com uns socos aqui e outros ali eles se afastaram. Eles estavam bebados demais para fazer qualquer coisa. Eu o agradeci e fui embora. Depois acabamos nos esbarrando por ai e conversando e trocamos telefones. E o resto é história. -De onde a história saiu eu não tenho nem ideia, só sei que foi. 

-Vocês parecem ser um casal fofo.

-Costumavam falar isso. -Dei um sorriso torto. 

-Bom... Espero que ele acorde logo. Vocês merecem toda felicidade do mundo. -Ela virou para sair, mas parou de repente. -Parabéns... -Ela virou para mim. -Por estar presente na vida de alguém em seus momentos bons e ruins. -Sorri para ela sem saber o que falar e ela aproveitou a deixa para sair. 

Fiquei olhando para o Zack por alguns segundos (?), minutos (?). 

-Oi Zack. -Falei depois de algum tempo. -Parece que agora temos uma história. Enfim...Não sei se vai ficar feliz, mas hoje eu não trouxe nada para ler, resolvi trazer um filme de comédia que eu estava louca para ver.

Coloquei o fime, sentei na cadeira e começamos a assistir. O filme era bem engraçado e eu ri bastante. Depois que ele acabou eu fui embora, precisava me arrumar para o show.

-Por hoje é só. Não sei quando volto de novo, pois tenho uma cambada de provas para estudar, mas se você acordar prometo voltar o mais rápido possível.Peguei um taxi para minha casa e me arrumei em tempo record, consegui acabar antes dos dois que se arrumavam antes de mim.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora