47.

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Parece que a conversa com o Zack fez efeito. 

-Fernanda! -O Gustavo me chamou. -Vai quebrar o celular desse jeito. -Só quando ele falou que eu percebi que o apertava com muita força. 

-Ah. -Afrouxei a mão. 

-Hum... Parece que o tal do Zack mexe com o humor da nossa querida, Fernanda. -A Karina me zoou. 

-Af, cara. Nada a ver. 

-O que é então? -O Gustavo perguntou desafiadoramente. 

-É que essa criatura prefere escutar o que uma estranha fala do que a Bianca. 

-O QUE? -A Karina gritou, chamando atenção de metade da sala. Ela deu um sorrisinho para àqueles que nos olhavam e começou a sussurrar. -O Zack conheceu a Fernanda? Como isso aconteceu? -Contei a história de ontem para os dois e tive que aturar um sermão deles falando que isso não deveria ter acontecido por n motivos, mas só prestei atenção nos dois primeiros.

1- Misturar duas realidades nunca dá certo.

2- Eles acham que o Zack pode ser perigoso. 

n- ...

Graças a hora, a professora chegou e acabou com o sermão. Pude, enfim, responder o Zack. A única coisa que atrapalhara era: Eu não sabia o que responder. Eu nunca tive (realmente) medo do Zack, tá legal que eu já tive medo do que ele poderia ser, mas depois que ele acordou, eu não o consegui achar perigoso. Sabia que ele naõ queria apenas um "não" como resposta, só que ser tão aberta com ele não seria meio estranho? Afinal, é como se eu não o visse desde segunda e nesse dia estava tudo como sempre foi. Monótono, ele com os segredos dele e eu com os meus. 

"Nunca achei, Zack."

"Talvez eu tivesse medo do que você pode fazer, mas nunca de você."

Deixei o celular embaixo da carteira e fiquei esperando uma resposta, o que não demorou muito. 

"O q vc acha q eu posso fazer?"

"Eu não sei, Zack. Eu não te conheço, lembra?" -Respondi.

"Ah, sim. Obrigado!"

E foi isso... Assim acabou nossa conversa. Ele não insistiu ou disse algo com sentido. Quem responde "ah sim, obrigado" para aquela mensagem? Bloqueie o celular e taquei dentro da mochila. 

Tentei prestar atenção na aula, mas minha mente ficou vagando por vários pensamentos. 


Nem quarta e nem quinta fui ver o Zack. A única vez que ele me mandou mensagem foi para dizer que a Milla estava bem e já tinha ido para casa. Fiquei feliz em saber da notícia, mas, apesar de gostar muito dela, não fui vê-la. Queria, mas para isso teria que olhar para o Zack e isso era algo que eu não queria fazer no momento. Por que? Não tinha um motivo plausível, só tinha medo de chegar lá e dar de cara com... Não sei... Não sei o que tinha medo de encontrar, só não queria... 


A manhã e a tarde de sexta voaram e eu nunca quis tanto que o tempo na escola demorasse mais. Antes que eu me desse conta, já estava arrumada para a maldita festa e, pior, saindo do carro assim que chegamos ao local. A Júlia estava muito animada e eu só queria chegar em casa e dormir com o Átila no meu pé. Não podia nem ficar animada que minha amiga estava ali, pois na primeira oportunidade ela iria sumir e eu teria que congelar o famoso sorriso. 

-Tente não morrer de tédio. -Minha mãe falou enquanto caminhávamos para a entrada onde havia muitos seguranças e fotógrafos. Vários atores e pessoas importantes do audiovisual passavam por ali, rendendo várias fotos. Alguns fãs que estavam em volta gritavam nomes que eu não entendia. 

-Você não gosta mesmo disso tudo? -A Júlia perguntou fascinada olhando cada detalhe e cada pessoa. 

-Não. -Eu e meus pais falamos ao mesmo tempo, todos olhando para ela. 

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora