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-O que rola?

-Sinto que estou atrapalhando.

-Ué, ela não disse que poderia ficar o tempo que precisasse? Pelo que conheço dela, ela não se importa.

-Talvez ela não se importe se fosse outra pessoa. Fernanda, eu tenho certeza que ela está me evitando.

-Então vocês fez alguma coisa?

-Eu? -Ele perguntou indignado.

-Você! Ela não é de ficar evitando os outros. -Respondi no mesmo tom e ele riu. Acabei rindo também.

Ele pegou o celular.

-Eu mandei mensagem para ela esses dias e desde então a gente não se fala. -Ele me entregou o celular já na conversa. Fingi que estava lendo e depois de um tempo entreguei de volta para ele.

-Você não insistiu.

-O que? -Ele coçou a cabeça.

-Ela te deu um pequeno fora e você só meteu o pé.

-Queria que eu fizesse o que?

-Por que você não é com ela como é comigo?

-Por que ela me assusta. -Eu comecei a rir. -Já viu aquela tampinha irritada? É de dar medo.

-Ei! -O repreendi. -Ela é da minha altura e eu não sou tampinha.

-Se vocês têm a mesma altura é sim. -Fechei a cara, escondendo a minha vontade de rir.

Como assim ele tinha medo de mim? Eu não consigo nem asustar uma criança, quem dirá um marmanjo de 22(?) 21(?) anos.

-Agora que a gente se viu mais de uma vez, você pode me dar seu telefone? -Ele mudou abruptamente de assunto.

Peguei o celular da mão dele e salvei o meu número. Sem perceber, eu cantava a música (uma dos anos 60) que tocava ao fundo, na pista de dança.

-Prefiro as músicas dos anos 80. -Ele comentou me olhando. -Acho que foi a década que melhor aproveitaram os instrumentos.

-E o que diz do blues, clássico e jazz?

-Parado demais. Dá sono! Costumava usar a Quinta Sinfonia de Beethoven para dormir. Era tiro em queda.

-Você vive de que? Heavy Metal? Punk? Rap? Hip Hop?

-Rock em geral é bom.

-Você gosta de rock progressivo? -Perguntei indignada. Ele assentiu. -Como alguém gosta de rock progressivo?

-Você acha o que? Que é música de psicopata? -Tentei negar, mas ele riu o que me fez rir também. -Não vou deixar de gostar de você porque não gosta de rock progressivo, relaxa. Você tem cara de quem iria ver uma ópera.

-Já fui em várias, algo contra? -Ele riu de mim. - Gostamos de algo em comum? -Perguntei rindo.

-Eu saltei de asa delta algumas vezes.

-O QUE? -Falei um pouco mais alto do que deveria e gostaria. -Eu sempre quis.

-Vamos qualquer dia. Conheço uns instrutures bacanas.

-Eu super aceito. -Ficamos conversando ali mais um tempo, sobre curiosidades da vida e acabei descobrindo várias outras coisas sobre ele. Enfim resolvi que era hora de voltar para festa, até porque ele tinha que trabalhar e eu fazer sala.

A festa rolou até umas duas da manhã, quando fomos embora. Durante todo o caminho eu ouvi a Júlia falando como tinha conhecido pessoas incríveis e tinha conseguindo um estágio. Nessa hora, eu fiquei muito feliz por ela, pois só quem a conhece sabe o quanto ela ama isso. Contei sobre o jornalista e disse o quanto tinha ficado irritada com a invasão de privacidade. Meus pais só sabiam rir de mim.

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora