12.

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-Sim. -Ele disse com firmeza olhando para o Fábio. Queria arregalar meus olhos, mas tentei demonstrar que sua resposta não tinha me afetado em nada, pois sabia que os olhos do Miguel e da Karina estavam em mim. 

Depois de vários segundos de completo silêncio, o Kauã olhou para mim e me senti podre por desviar o olhar e sei que minha atitude o afetou de alguma forma. Talvez ele tenha levado o gesto como um sentimento não correspondido, mas a verdade era que eu não sabia o que sentia por ele. É claro que ontem e hoje eu fui tomada por uma onda de nostalgia, mas eu não sabia (ainda) o que isso significava. Eu o queria de volta? Queria ser o relacionamento sério que ele disse querer? Era apenas nostalgia? Saudades de ter alguém? Eu não sei. Não mesmo. E como ele tinha tanta certeza? Faz dois dias que ele voltou, como sabe que o sentimento é o mesmo? Talvez por eu ter essa dúvida, eu não o ame. Mas, talvez, por eu ter essa dúvida o ame mais ainda. AAAH !!! Eu não sei! Que merda! 

-Bom, quem é o próximo? -O Kauã perguntou cortão o climão que ficou. 

-Eu. -A Lara disse animada. -Fernanda... -Merda! Depois da pergunta que o Fábio fez, estava na cara que se eu falasse "verdade" ela iria retrucar a pergunta, mas será que alguém acharia que a pergunta deveria ser anulada? Eu tinha essa chance, talvez alguém com bom senso a anularia, afinal, isso poderia deixar uma situação muito mais constrangedora, mas não poderia contar com o acaso. Se ninguém anulasse eu teria que responder e falar um "eu não sei" faria o Kauã se sentir mal, mais mal do que se eu escolhesse...

-Consequência. -Porém, não foi muito inteligente. Ele saberia de qualquer jeito que eu não sabia. Fugir da pergunta, era um jeito de fugir da verdade. Afinal, se eu sentisse o mesmo, sabendo que ele me ama, por que não falaria? De qualquer jeito ele soube da verdade e acho que foi pior do que eu falar na cara dele e na frente de todos os nossos amigos, pois fui uma covarde e escolhi fugir. 

-Eu te desafio a beijar quem você mais sente vontade nessa rodinha. 

-Limite! -O Miguel, a Karina e o Gustavo falaram ao mesmo tempo. 

As pessoas sabiam quando não fazer uma pergunta ou um desafio pesado demais, mas, às vezes, tem mais história por trás do que todos pensam saber e logo no começo, quando começaram a jogar constantemente, eles criaram uma regra que ao achar algo pesado demais ou que poderia magoar alguém de verdade qualquer um poderia intervir e só precisava de mais uma pessoa concordar para a pergunta ou a consequência ser descartada e, no meu caso, tinha três. 

Mas não sabia se tinha sido a melhor forma de evitar o sofrimento de alguém. Nos olhos do Kauã dava para ver que tinha ficado triste (?), decepcionado (?). 

Retiro totalmente o que eu havia dito sobre ser um livro aberto, havia coisas que eu tinha que guardar para mim, mas não por querer, mas sim pelo bem ao próximo. Não queria ver o Kauã triste por mim, ele está tão feliz por voltar para casa e ter todos os seus amigos ao seu lado e não quero ter uma relação ruim com ele, por mais que eu não saiba se o amo como namorado ou algo mais, eu o amo como amigo. Ele sempre me estendeu o braço quando eu precisei e já vivemos tanta coisa juntos. 

Olhei para o Kauã, mas ele olhava para as pessoas que estavam na piscina. Os meninos ficaram intrigados querendo saber quem eu queria beijar, já que havia ficado óbvio que não era o Kauã, mas não perguntaram nada. Graças a Deus e ao bom senso deles! 

-Tá legal então... Eu te desafio a dar um replay com alguém dessa rodinha. 

-Limite. -O Kauã, que parecia tão distante, falou. Eu só havia ficado com dois dali, o Kauã e o Fábio (sim, o Fábio), mas agora ele namora, então dava para saber qual a intensão da Lara. Não achei que ela fosse capaz de jogar tão baixo. 

-Eu concordo. -A Karina falou e todos a acompanharam deixando a Lara com a maior vergonha. 

-Acho que ficou bem claro que a Fernanda não quer nada comigo, pode parar de tentar jogar ela para cima de mim. -Ele disse na maior calma do mundo, como se estivesse pedindo um cachorro quente sem molho. Quando me olhou, não tinha raiva ou qualquer sentimento ruim direcionado a mim, mas sim um pedido de desculpa. Desculpa por ter me metido nessa situação constrangedora e desconfortável (mais para ele do que para mim), mas a culpa não era dele. Uma vontade de o beijar bateu em mim, mas eu não podia fazer isso, não agora que todo mundo acharia que foi por pena. 

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora