-Eu senti tanto a sua falta. -Ele disse retribuindo meu abraço.-Eu também. -Desfizemos o abraço.
-Olha para você. -Tinha dor em sua voz. -Com olheira e com o rosto todo vermelho. Diz que não foi por minha causa... -Ele fazia carinho no meu rosto com o polegar.
-Naõ teve um segundo que eu não pensei se você estava bem. -Ele me deu um beijo na testa.
-Quero que saiba que eu não penso nada daquilo de você, nem dos seus amigos ou seus pais. -Eu assenti. Sabia que era verdade, sabia desde quando ele cuspia aquelas palavras na festa. -Tenho que te contar duas coisas. -Ele falou sério. -Eu não quero mais segredos entre a gente e mesmo que depois que eu conte uma delas você não queira mais olhar na minha cara, eu vou entender... Eu só quero que esses segredos acabem. E se você quiser que eu mude de país eu vou mudar, porque, para mim, a única coisa que importa é a sua felicidade.
-Tudo bem. -Fiquei apreensiva com o que ele me contaria. Uma coisa eu imaginava que seria a história dele e dos irmãos, mas a outra... Eu não tinha ideia.
-Mas, antes, vai lavar esse rosto. Está partindo meu coração te ver assim. -Ele acariciou meu rosto.
Assenti e fui para o banheiro. Limpei meu rosto o melhor que pude, mas o inchaço não ia desaparecer do nada. Em alguns minutos eu estava na sala, pronta para ouvir o que tivesse para me contar. Sentei no sofá ao seu lado.
-Eu matei uma pessoa. -Ele foi direto, curto e grosso.
Meu coração gelou e eu não sabia o que pensar. Resolvi esperar o resto da história antes de sair o julgando. Eu confiava no Zack e ele mereceu essa confiança...
-Se bem que para mim, aquele homem era mais um monstro do que uma pessoa... -Ele disse mais para ele do que para mim. -Vamos lá, antes que me chame de assassino, que talvez eu seja, eu vou contar tudo desde o começo. A Sandy tinha um merda de namorado, devíamos ter uns 16 anos na época. Ela o amava, mas ele só queria sexo e vivia traindo ela. Até que a mãe dela morreu e ela se mudou para casa dele. No começo eu não notava nada, tinha problemas demais para reparar os pedidos de socorro silênciosos dela, mas, com o tempo, foi ficando perceptível... Ele a agredia! Batia, chutava, esfaqueava e arranahava. Assim que eu percebi, enlouqueci.
"Eu e ela brigávamos todo dia, pois eu queria que ela saísse da casa dele e o denunciasse, mas ela disse quem tinha medo dele descobrir. Eu continuei insistindo para ela, pelo menos, sair de lá e ir morar comigo, só que continuava relutante. Tempos depois ela me disse que estava grávida e, imagina, eu surtei mais ainda. Primeiro, minha melhor amiga estava grávida de um canhalha e ela não sabia o que ele ia fazer quando soubesse, ela não queria contar, pois tinha medo dele mandar ela abortar. Segundo, o medo do bebê não nascer era grande, pois ele não se preocupava com a criança e continuava batendo nela."
"Eu me sentia um merda por ter prometido a ela que eu não contaria nada a ninguém e cada dia que passava eu me sentia mais mal, só que como disse, eu tinha muitos problemas. Me arrependo até hoje de ter deixado minha amiga sofrer na mão daquele bosta. Se eu tivesse feito algo antes, talvez tudo fosse diferente."
"A Sandy é católica e me pediu para batizar a filha dela, a Luna, e eu fiquei todo feliz. Aceitei na hora. Um ano e meio se passou e eu fiquei mais presente na vida das duas, infelizmente, ela ainda não tinha se livrado do cara. Todo dia eu me perguntava com a Luna podia ser filha daquele filho da... Ela é uma menina tão incrível. E a Sandy, sempre tão inteligente, como foi cair na mão de um cara como aquele?"
-Um dia, quando eu estava indo no quarto da minha pequena, inocente e doce Luna, eu o vi lá dentro e, Fernanda, ... -A raiva era claramente transmitida pelos seus olhos e pela voz. Suas mãos estavam fechadas e ele as apertava. -Eu arranquei aquele cara de lá, andei com ele até o corredor, fora da visão da Luna, que dormia tranquilamente em seu berço e bati nele. Não como em uma briga de rua, eu comecei a espancá-lo. A Sandy gritava chorando me mandando parar, mas enquanto ele ainda respirava eu não conseguiua. Assim que percebi que ele não tinha mais vida, parei. -Ele me olhou esperando alguma reação e eu só assenti. -A Sandy me xingou, bateu e me expulsou de lá. Disse que eu nunca mais deveria a procurar ou tentar falar com a Luna de novo.Eu tentei contar para Sandy o que tinha me levado a fazer aquilo, mas ela não me deixava terminar uma frase... Há quem diga que eu sou assassino, mas eu não me arrependo do que fiz. Aquele cara passou anos machucando a minha melhor amiga e ia machucar a minha afilhada... Na hora eu não vi outra saída.
Lágrimas escorriam pelo rosto dele.
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Um estranho em minha vida
RomanceFernanda é uma menina dedicada e impulsiva. Vem de uma família de atores famosos internacionalmente, mas não se importa com a fama. Como não pode simplesmente ignorá-la, aprende a viver e dar suas escapadas. Um dia, quando está voltando da escola, a...