99.

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Eu quis gritar. Quis dizer que ele não era nem de longe o assassino que ela pensava. Que o que ele fez foi pelo bem das duas e que elas eram grande parte dele e uma das únicas coisas que não o permitiram desistir de dar a volta por cima. Mas eu não podia, não tinha o direito de me colocar na briga dos dois.

-Solta a minha filha! -Ela gritou puxando a Luna do colo dele. 

-Não, mamãe! Eu quero o padrinho. Você disse que ele tinha morrido, mas ele não morreu. Não me separa dele, eu o amo, mamãe. -A Luna soltava as palavras desesperadamente enquanto agarrava mais o pescoço do Zack. Sério que era tinha só dois aninhos? 

-Morto? -Ele perguntou olhando para a Sandy. -Você disse que eu estava morto? -Ele tinha passado de triste para irritado em fração de segundos. 

-É, padrinho. Ela disse que você e o papai sofreram um acidente de carro... Se você está aqui quer dizer que... que o meu pai está vivo? -Era medo? Tinha medo em sua voz? Senti meu coração se apertar. Como a Sandy era  a única a não perceber que aquele cara fazia mal para elas? 

-Não, meu am...

-Não chama ela assim. -A Sandy falou entre dentes. O Zack olhou feio para ela, mas a Luna não percebeu. 

-Não, Luna. Seu pai não está vivo. 

-Como sabe? 

-Luna, chega de perguntas! -A Sandy falou e a puxou do colo do Zack. Dessa vez ela não agarrou o pescoço dele. -Vamos embora. 

-Você não está nem um pouco feliz de saber que seu melhor amigo está vivo? 

-Quem é você? Por que está ai parada vigiando a vida dos outros? -Ela ignorou a pergunta  da filha e dirigiu as perguntas a mim. 

-Ela está comigo, Sandy. 

-Filha, vai lá na beirada lavar seus brinquedos. -Ela assentiu. -Cuidado! 

-Será que a gente pode conversar? -O Zack perguntou assim que sua afilhada saiu de perto. 

-Eu não tenho nada para falar com um assassino! Eu quero distância de você, Zack! Você destruiu a minha família. Matou o pai da minha filha, o meu namorado! 

-Aquele cara era um idiota. 

-Aquele idiota me ajudava a pagar as minhas contas, dava atenção para a filha e me fazia companhia. 

-Eu fazia tudo isso também, Sandy. -O Zack estava tão magoado que não tinha forças para brigar. 

Vi a Luna voltando. 

-Olha, o Zack mora um minuto daqui. Por que não vamos para lá e vocês conversam? -A Sandy ia falar alguma coisa, mas eu nem deixei ela começar. -Por mais que você o odeie, a sua filha vai te fazer tantas perguntas, a partir de hoje, que você vai se arrepender de não ter terminado a conversa ou de ter argumentos suficiente para fazê-la odiá-lo como você o odeia... Nem que seja só para você xingá-lo por mais um bom tempo, conversem. -A Luna entregou os brinquedos para a mãe. 

-Tá legal, mas isso não vai mudar nada. -O Zack me olhou me agradecendo, mas eu não estava fazendo nada demais. Eu só queria que eles voltassem a se falar e que ele tivesse a afilhada de volta. Mas, para isso, ele precisava aceitar que tinha que contar toda a verdade para ela...

A Sandy juntou as coisas e avisou para a filha que iriam dar uma passadinha na casa do padrinho. Ela ficou toda feliz e saiu correndo na areia. O Zack saiu correndo atrás dela. Acabei ficando sozinha com a Sandy. 

-Como... Só me diz como você consegue ficar ao lado de um assassino? -Pela entonação das suas palavras dava para saber que ela tinha um confronto de amor e ódio bem grande pelo Zack. -Ou ele não te contou que matou o meu namorado? 

-Ele não é um assassino. -Não podia falar muito mais que isso. Não podia contar que ele teve motivos para fazer o que fez, essa parte ficaria unicamente com o Zack. -Ele é a pessoa mais incrível que eu conheci... E, olha, eu conheço muita gente. 

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora