28.

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-Eu não quis...

-Não importa, Kauã. -Ele soltou o meu pulso e eu, ao invés de da um mergulho, fui caminhar.

Estava andando olhando para o chão e não via nada a frente. Para quem acha que eu vou esbarrar sem querer no Zack por ai, eu não vou não... Isso é muito cena de filme.

Caminhei por poucos minutos, não podia desaparecer completamente, não sem meu irmão ter um troço. Voltei para onde estávamos, mas o Kauã já tinha ido embora e meu irmão estava aos beijos com a Karina na água. Dei um sorrisinho de lado, feliz por eles. Peguei minha roupa, mandei uma mensagem avisando que ia embora e fui.

Assim que cheguei em casa, bateu uma vontade maluca de estudar e quando isso acontece, devemos aproveitar.

Estudei até umas duas da manhã, quando eu decidi que devia dormir para conseguir acordar e ir para a aula no dia seguinte, porém quando estava pronta para ir dormir, meu celular tocou.

Zack.

-Isso são horas? -Perguntei assim que atendi.

-Estou com um problemão!

-O que aconteceu? -Perguntei preocupada.

-Eu preciso tomar banho e só tem água gelada. -Ele correu o dia todo e só vai tomar banho agora?

-Sério, Zack? Vai se ferrar.

-O que foi? -Ele perguntou inocentemente.

-Eu achava que era algo sério.

-E é! -Expliquei para ele como colocava a água quente.

-Tchau. -Ele disse, sem nem se dar ao trabalho de agradecer.

-Ei! -O chamei. -E o emprego?

-Isso são horas para papo chato?

-Papo que vai te manter com um teto sobre a cabeça! -Ele bufou.

-Vou procurar amanhã.

-Ótimo. -Desliguei a chamada, sem nem dar tempo para ele falar qualquer coisa.

Deitei na cama e apaguei.


Acordei no dia seguinte com o despertador, me arrumei rápido para aula, tomei meu café com minha família, me despedi do meu irmão, que estava muito tristinho (deu até pena, sério) e fui para a escola a pé. Assim que cheguei lá, dei de cara com uma Karina com olhos inchados e triste. O Gustavo me olhou sem saber o que fazer.

-Dia de matar aula. -Foi a primeira coisa que disse. -O que querem primeiro? Comer muito chocolate ou um café da manhã mega power reforçado?

-Pode ser os dois? -A Karina perguntou abrindo um sorriso. Apesar dos olhos inchados, não tinha cara de que tinha chorado nas últimas cinco horas.

-O que quiser. -O Gustavo disse.

Saímos da escola pelo portão dos fundos e fomos andar pela cidade. Tomamos café, comemos chocolate e depois uma taça enorme de sorvete.

-Eu não quero mais ver comida pelos próximos cinquenta anos. -O Gustavo disse. -Caramba! Tenho uma coisa para contar.

-Está namorando? -A Karina perguntou um pouco mais animada. Não lembro de ter comentado, mas o Gustavo desde que tem uns 14 anos tem rolo com a vizinha dele. Vive falando nela e fala o quanto gosta dela e blá blá blá... Não sei porque nunca havia tomado a atitude de pedí-la em namoro.

-Sim.

-Amém! -Falei. -Como foi?

-Uma merda. -Ele desabafou e nós duas arregalamos os olhos. -Não... Não tudo. Ela aceitou e foi bem bonitinho, mas o que nossos pais falaram no meu e no ouvido dela... Caramba, foram mais de quatro horas deles falando.

-Pelo menos tudo deu certo no final. -A Karina falou.

-Pelo que fiquei sabendo para você também deu tudo certo. -O Gustavo soltou.

-Como ficou sabendo? -A Karina perguntou curiosa.

-Sério? Eu não tenho uma amiga que vê as notícias? -Neguei com a cabeça. -Está em todos os sites de fofoca.

-Merda! -A Karina falou. Será que eu seria muito maluca se pegasse um avião para conversar com meu irmão?

-Por que? Por que vocês têm tanto medo?

Um estranho em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora