Capítulo 15 - Tolerância zero

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Olá, queridos leitores.

Bom final de semana.

Boa leitura!!!

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"A minha tolerância é menor para aqueles que não têm o mínimo de consciência."

Anna Paulla

Nicholas

     Dessa vez não há como evitar, vou ter de engolir o Fábio como uma comida indigesta.

     Fábio é o melhor amigo de Camile e nunca foi um exemplo de boa pessoa. Mulherengo e desordeiro, nunca deixou de expressar o que pensa, mesmo que seja irrelevante. Eu sempre evitei esses encontros indesejados como agora.

     A moça em seu encalço é ruiva e tem um sorriso familiar. Veste a mesma farda que ele, ou seja, estuda na escola em que Camile e Fábio estudam; a mesma que eu e meus irmãos estudamos um dia.

     A menina tem jeito inocente e um maravilhoso cabelo cacheado emoldura seu rosto infantil. Ele segura possessivamente a mão dela. A jovem parece ser uma presa fácil de cair na lábia e nas garras desse cretino libidinoso, mas isso não é da minha conta.

     Arnaldo chama o elevador, mas parece que o dia de hoje não me está sendo favorável, pois para a minha sorte – ou falta dela – o elevador está no vigésimo andar. O elevador ao lado não vai até a cobertura.

     Fábio me olha com curiosidade e sarcasmo; a educação que recebi me obriga a ser cortês mesmo que eu não queira – já não basta o episódio constrangedor que passei com o homem que costumo encontrar no elevador meses atrás?

     − Tudo bem, Fábio? – Não tenho o menor interesse em saber se ele está bem ou mal.

     − Tudo as mil maravilhas! E você, pode dizer o mesmo? – Ele alarga mais ainda o sorriso, se é que isso é possível.

     − Estou bem, na medida do possível. – Respondo o mais tranquilo que consigo, entretanto minha vontade é de socar esse cara e arrancar esse sorriso cínico dele. Sei muito bem que esse deboche todo é raiva disfarçada porque apesar de tudo Camile estava comigo, não com ele. Só ela não percebia as intenções dele, e se percebia nunca deixou claro.

     − Ei cara, me diz aí. Se você não consegue andar como faz para atender todas as exigências da minha amiga? – Ele complementa piscando pra mim. – Sei que ela é exigente, adora um bom sexo!

     A moça arregala os olhos com a pergunta. Já eu não me surpreendo e me mantenho inabalável. Antes que pusesse dizer qualquer coisa ela se manifesta.

     − Fábio, que grosseria! – Ela parece um pouco envergonhada.

     Felizmente as portas se abrem e alguns residentes saem do elevador. Imediatamente guio a cadeira para dentro do mesmo, ignorando os olhares disfarçados e curiosos da pequena plateia.

     − Foi apenas uma pergunta, minha querida. – Ele olha para mim e continua sua especulação sem fundamento. – Problemas no paraíso?

     Eu apenas suspiro alto e entro de vez na minha condução para o topo do prédio; minha vista está meio turva, é provável que a pressão esteja elevada pela raiva reprimida.

     Arnaldo vem atrás, quando giro a cadeira para ficar de frente a porta Fábio pega a moça e lhe dá um beijo de cinema. A única explicação razoável para essa cena ridícula é que ele não desistiu de me provocar porque a moça não parece ter gostado muito da situação.

Lembre-se de mim - Série: Amor sobre rodas - Livro 1 (CONCLUÍDO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora