Capítulo 16 - Vontade não me falta!

486 61 89
                                    

Olá, que bom que estão aqui me acompanhando. Estou chegando no finalzinho do dia mas não falhei. ;)

Boa leitura!!!

ȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹ

"Tudo que criamos para nós, de que não temos necessidade, se transforma em angústia, em depressão."

Chico Xavier

Nicholas

     Acordo de modo abrupto e percebo que estou no lugar que mais odeio: hospital. Por mais que tente fazer tudo certo sempre acabo voltando pra cá. Fico um tempo olhando para o teto de gesso do quarto.

     A porta se abre revelando meu pai e um Rafael nada feliz. Se conheço bem meu irmão ele estava bravo por alguma coisa que fosse culpa minha. O meu pai se aproxima da cama e me apresso em perguntar:

     − O que eu fiz dessa vez pra estar aqui e porque Rafael está aqui com essa cara? – Meu pai olha para Rafa e volta a atenção para mim.

     − Você lembra-se de alguma coisa? Estava voltando da clinica, Arnaldo disse que já tinha percebido que algo estava errado e quando você bateu com a cadeira na mesinha do hall e ele foi te ajeitar percebeu que estava queimando em febre. Você já estava delirando.

     − Não me lembro de nada disso, mas ele falou que tínhamos chegado à cobertura e me pegou no braço e o senhor disse que iria para o hospital.

     − Você teve uma infecção urinária muito forte. Precisamos mudar essa sonda. Quanto ao seu irmão ele não me disse o que era, veio pra falar com você quando possível.

     − Tá bom, eu vou falar com ele agora. – Se nada tira o Rafael do sério eu já imagino o que houve.

     − Venha meu filho, pode falar com seu irmão. Vou esperar lá fora e qualquer coisa me chame. *– Ele dá as costas saindo e meu irmão se aproxima.

     − Eu mexi no seu computador para ver umas coisas pra mandar pra universidade que o papai pediu, você está de atestado. Vi essa pasta 'Dignitas'. - Como eu suspeitei, meu pai não pediria a outra pessoa.

     − Eu preciso que alguém te explique ou preciso digitar no meu computador para que você possa ler. Acho que vai ser difícil fazer a leitura labial sobre Dignitas. – Eu sempre procurava de um jeito mais tranquilo não soletrando mais calmamente, para que ele pudesse compreender.

     − O que você estava pensando? Eu já sei do que se trata, só quero saber o porquê.

     − Poxa, maninho. Que pergunta é essa? Você sabe muito bem o porquê. Quantos anos mais vou viver desse jeito sem sequer ver uma melhora real mesmo que ela seja pequena?

     − Não venha com essa de "estou deficiente", não pra mim. – Ele estava uma fera e gesticulava meio agressivo. – O que você acha que está fazendo, reivindicando ao direito de morrer? Você é egoísta o suficiente pra não pensar no que nós, sua família, iremos senti com sua perda?

     − Não é nada disso, você me conhece o suficiente pra saber que eu nunca vou me adaptar a isso.

     − O que você acha que eu penso? Eu sempre tive curiosidade para saber como é a voz da minha família, como é o som de uma música... nem por isso eu estou tentando morrer a prestação.

     − Tudo bem, não vou discutir com você. E também não vou mudar minha decisão. – Ele sai do quarto chateado sem ao menos se despedir.

Lembre-se de mim - Série: Amor sobre rodas - Livro 1 (CONCLUÍDO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora