Capítulo 25 - O tiro de misericórdia

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Olá, queridos!!! Continuando a maratona, capítulo do dia 13/10.

Boa leitura!!!

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"Seu eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais."

Clarice Lispector

Nicholas

     O tiro de misericórdia!

     Foi exatamente o que recebi de Camile ao pegá-la no flagra me traindo. Eu já suspeitava de sua conduta, porém ver pessoalmente foi infinitamente pior. Eu fiz de tudo por ela a amei profundamente e fui recompensado com desprezo e indiferença. Todos perceberam que eu era um tolo, minha vida mudou por causa da Camile.

     Sei que leva-lá em casa naquela fatídica noite foi escolha minha, mas se ela seguisse o plano que era voltar de táxi talvez hoje eu não estivesse nessa cadeira e fosse feliz. E se eu não estivesse nessa cadeira, teria descoberto quem Camile é de verdade?

     E se... E se... Isso sempre me perseguirá. O que mais me falta acontecer antes que eu saia desse plano? Será que não tive minha cota de sofrimento para uma vida inteira?

     Só consigo pensar que houve um erro no sistema do destino porque eu não deveria ter sobrevivido a esse tiro e o Dignitas me ajudará a concertar isso. Não me importo com o que Rafael, minha família ou qualquer pessoa que diz se importar comigo pense: por mais que me amem nunca saberão o peso da dor que carrego. Já vivi o que havia para viver então preciso me preparar para restabelecer o equilíbrio das coisas e ir para onde deveria ter ido a mais de três anos atrás.

      Celso dirige em silêncio e eu agradeço por isso. Ele tem sido um bom amigo e não apenas um cuidador, isso me deixa mais tranquilo pela minha escolha. Meus pais tiveram receio quando eu o escolhi dentre todos os candidatos por ele ser quase da minha idade – apenas três anos mais velho – e também por nunca ter trabalhado como cuidador.

     – E aí, o que quer fazer agora?

     – A única coisa que eu gostaria era ir pra casa e encher a cara.

     – O que? Ô amigão nós já chegamos em casa mas sinto lhe dizer que você não pode, ou melhor, não deve misturar álcool e medicamentos.

     Olho atordoado ao redor e percebo que estamos na já conhecida vaga próximo ao elevador. Chegamos até aqui e eu não percebi.

     – Celso, eu não vou entrar em coma alcoólico, será no máximo uma garrafa de vinho. Não me tire o resto de alegria que posso desfrutar. Não pode me dar o beneficio da dúvida?

     – Não está mais aqui quem falou! – Ele fala sorrindo erguendo as mãos em sinal de rendição. – De qualquer forma acho que você tem razão. Precisa de um consolo depois dessa galha toda aí na sua cabeça. Eu devo ligar para o disk prostituta e pedir um acompanhamento para o vinho?

     − Seu idiota!

     − Ah, cara! Não vai chorar por uma decepção amorosa, vai? Você é um garanhão!

     Reviro os olhos. Tenho vontade de sorrir pela minha desgraça, mas do que adiantaria sorrir ou chorar? Felicidade não cabe na minha nova vida. Então me limito a me manter como de costume: indiferente.

     − Até que seria legal, hein Nick? – Não respondo seu comentário tosco, apenas olho para a rua pela janela do meu quarto, uma vez que já estamos nele, e mergulho em memórias passadas. 

Lembre-se de mim - Série: Amor sobre rodas - Livro 1 (CONCLUÍDO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora