Capítulo 22 - No limite

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A maratona do Nick continua...

Capítulo do dia 03/10.

Boa leitura!!!

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"Não somos obrigados a aguentar tudo. Paciência tem limites, e a vida é para ser vivida e não suportada!"

Nicholas

     Meu coração acelera com a mera possibilidade do meu irmão me rejeitar. Ele sempre foi meu melhor amigo e saber que sou eu quem o está magoando faz meu sofrimento triplicar.

     Ele limpava resquícios de lágrimas com o dorso da mão. Lívia acena para ele e ele devolve o aceno sorrindo fraco.

     Ela não se contém e o abraça nos deixando perplexos. Ela é a criatura mais estranha do universo feminino que já conheci. Lembro-me de ter apresentado o Rafael a algumas namoradas e ao falar de sua deficiência era sempre mesma coisa: olhares penosos, ou expressões como 'coitadinho'. Estou no limite com esse tratamento da sociedade.

     Ela também não questionou o motivo de eu estar em uma cadeira de rodas, nossas imperfeiçoes para ela eram completamente normais. Ela dá as costas para Rafa o que é visto como falta de educação, e me pergunta:

     − Como se diz oi em gestos?

     − Forme um "0" com a mão e levante o dedo mindinho para cima, simultaneamente. –Não sei porque resolvi ensiná-la.

     − Assim? – Ela faz como foi explicado e Rafael sorri do gesto da menina, respondendo ao 'oi' que ela o direcionou. Ela dá pulinhos de alegria e bate palmas em comemoração quando confirmo que ela acertou.

     Parece mesmo uma criança. Eu e Rafa acompanhamos seu entusiasmo rindo da situação. Eu tinha que admitir, ela é envolvente. Meu irmão gesticula habilmente com as mãos e a garota me olha esperando a tradução.

     − Ele disse que estava cortando cebolas, por isso estava chorando. – Interpreto fielmente os gestos apesar de não enxergar cebola alguma sobre a bancada. – Como eu disse moça, você já pode ir. Preciso conversar com meu irmão a sós.

     Articulo cada palavra enquanto falo com Lívia, para que o Rafa possa ler meus lábios, mas não devagar demais.

     − Tudo bem, foi um prazer te rever Nicholas.

     − Eu vou com você até a porta.

     − Que cortês! Um verdadeiro príncipe. – Não consigo distinguir se ela está sendo sarcástica ou se é seu modo de agir. Ela acena um tchau para meu irmão e dá as costas. Vamos em direção à saída do apartamento. 

     − Boa noite, Lívia. Feche a porta quando sair. – Tenho que ser polido com ela, pois não pretendo voltar a vê-la. Estamos na porta da entrada. Sorrio sem vontade apenas por mera educação apesar de muito prestativa ela é um pouco exagerada, para dizer o mínimo, e um tanto invasiva.

     − Boa noite, alteza! – Se abaixa e sussurra no meu ouvido. – Seja forte, não desista. Você é capaz. Eu acredito em você!

     Ela beija minha bochecha após proferir as palavras e sai me deixando atônito. O que ela quis dizer com isso? Eu volto para cozinha, preciso dar minha atenção a Rafael. Ele está sério e com um semblante de quem chorou há pouco tempo.

     Ficamos nos encarando, o que pareceu um minuto inteiro. Eu podia ouvir as engrenagens da cabeça do meu irmão trabalhando, sei que ele tem muitos questionamentos só não sei se as respostas o agradarão.

Lembre-se de mim - Série: Amor sobre rodas - Livro 1 (CONCLUÍDO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora