Sinopse: E se você tivesse sua vida roubada de si mesmo, somente por ser leal a quem ama?
Nicholas achou que havia encontrado um amor para a vida toda; a garota dos seus sonhos. Até que um evento inesperado muda drasticamente a sua vida.
...
"E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está; e o futuro é uma astronave que tentamos pilotar, não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença, muda a nossa vida e depois convida a rir ou chorar, nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá, o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda passarela, de uma aquarela que um dia enfim descolorirá."
Toquinho – Aquarela
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Nicholas
Um mês depois...
Aproveitei o máximo que pude do final de ano com a Lívia. O próximo presente, talvez o mais marcante de todos, seria uma viagem para a Suíça.
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Eu estava escrevendo freneticamente cartas para todos com quem eu gostaria de falar uma última vez. A distribuição delas ficaria a cargo do meu amigo inseparável e insuportável: Celso.
Ele estava inquieto desde que comecei a escrever há uma semana. Embora meus amigos soubessem que voltariam brevemente à Europa comigo, apenas o Celso conhecia a existência das cartas e embora o Rodrigo e o Samuel estivessem com raiva sei que não me abandonariam se negando a dar o último adeus no meu leito de morte.
Sabia que meu cuidador tinha algo a falar, mas ainda não tinha se manifestado. Ele organiza a última e talvez mais importante carta de todas, mesmo que a do Rafael tenha ficado maior, coloca a carta num envelope e o posiciona em cima da escrivaninha de forma que ficasse mais confortável para eu escrever com a boca.
Uma vez que o Celso coloca a caneta na minha boca apresso-me a escrever o destinatário: Lívia.
− Nick,... – Ele faz uma pausa dramática enquanto senta na ponta da cama e levanto a cabeça pra mostrar que estou atento. – ... está certo de que quer fazer isso? Você não parece tão decidido como no início. A Lívia sofrerá de forma descomunal.
− Esse assunto novamente? – Pergunto após cuspir a caneta na minha mesa. – O que está decidido está decidido; o fato de eu ter encontrado uma garota legal ou de ter bons amigos e uma família que me ama não mudará minha condição, ainda continuarei sendo cadeirante.
− Tudo bem, esquece o que eu falei. Você é irredutível! – Ele levanta da cama parecendo decepcionado. – Me dá aqui essa carta, vou colocar junto das demais e garanto que serão entregues no dia do seu velório como você me pediu.
− Muito obrigado! Depois de tudo isso você vai poder concluir seus estudos e exercer sua profissão dignamente, sem ter que trocar fraldas ou dar banho em alguém.
− Mas eu já faço isso, Nicholas, eu sou seu cuidador e uso os procedimentos necessários da enfermagem para tal. A verdade é que estou no emprego perfeito, não tenho porquê querer outro. Ando de carro importado e não pago nem a gasolina, tenho um salário razoável e posso xingar meu chefe sem grandes consequências.
