Capítulo 17 - A cada dia uma luta

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Boa leitura!!!

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As pessoas olham demais para a forma física e esquecem-se de apreciar o mais importante no ser humano: o coração.

William

     − O que será que está acontecendo? – Helene novamente pensa o mesmo que eu e se levanta da cadeira, a conheço o suficiente para saber que ela vai defender o filho.

     A localização do escritório – na sala – nos dá uma posição privilegiada para escutar tudo com clareza. Seguro o braço da minha mulher impedindo-a de chegar a porta. Coloco meu indicador na frente dos lábios e em Libras peço que ela volte para o lugar e escutemos a conversa. Quero saber o que se passa.

     − O que você pensa que eu sou? – Meu filho berra exasperado, só espero que esse gasto de energia não o leve a alguma complicação. – Uma criança?

     − Não, mas você é um garoto mimado que se faz de vítima! – Arnaldo rebate no mesmo tom. Acredito que ele pensa que ainda não chegamos em casa como eu informei a Nicholas e posteriormente a ele por telefone. – Não soube o que é passar fome, fica constantemente reclamando mesmo tendo tudo o que o dinheiro pode pagar e ainda assim é um ingrato.

     Helene põem a mão tampado a boca, incrédula. Escuto a respiração ofegante do meu filho imaginando o que se passa na cabeça dele, pois deu uma pausa antes de falar, acho que ficou tão surpreso quanto nós pelas duras palavras do Arnaldo.

     Levanto para ir até a porta, minha mulher de olho em cada movimento que faço, percebo que ela já começou a chorar. Sei por tudo o que meu filho já passou, ele não deveria ouvir isso. Paro no meio do caminho quando Nick torna a falar, agora um pouco mais baixo.

     − Arnaldo você não sabe do que está falando!

     − É claro que sei garoto. Já cuidei de outras pessoas ricas nessa mesma situação que você.

     − Sei. – Ele tenta parecer indiferente, embora eu saiba que meu filho absorveu cada palavra. – E quantas vezes na sua vida o senhor permaneceu numa cadeira de rodas sem poder se levantar?

     O outro ficou calado, acho que foi impactado pelo choque de realidade que as palavras do meu menino representaram. Nick volta a falar baixinho com um fio de voz:

     − O que o senhor não sabe é que eu daria cada luxo e cada maldito centavo para caminhar outra vez, nem que fosse só por um dia. O senhor não sabe o que é acordar todos os dias e ter de esperar alguém aparecer pra poder sair da cama porque não sou capaz de fazê-lo por conta própria. Então não me fale do que o senhor não sabe.

     Meu coração se parte com o discurso do meu caçula porque sei que ele experimenta essas verdades na pele. Só Nicholas sabe o que passa. Abro as portas duplas que dão acesso ao escritório e pego a mão da minha esposa para sairmos para a sala ainda em silêncio.

     − Eu quero que pegue sua maldita experiência, seus pertences e saia dessa casa. Nunca mais o senhor ponha os pés nesse apartamento ou olhe na minha cara, o que fez hoje foi inadmissível não vou tolerar mais nenhuma humilhação desse nível. Fui claro? – Nick fala firmemente.

     − Você não pode fazer isso, meu jovem, só quem pode me demitir é o seu pai porque...

     − Saia!!! – Ele grita com toda a força que consegue. Fazendo dona Tereza aparecer na sala.

     Nicholas treme e está com o rosto vermelho, Helene vai na direção dele e finalmente ambos percebem nossa presença no recinto. Ela cola sua testa com a do nosso filho e balbucia:

Lembre-se de mim - Série: Amor sobre rodas - Livro 1 (CONCLUÍDO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora