111. supermassive black hole

294 32 266
                                    

— pandora!

Aquele breve instante, parada na porta de entrada para a Sala do Trono, foi tão aterrorizante quanto instigante.

O lugar era grande o suficiente para abrigar pouco mais que algumas centenas de pessoas e o teto devia ultrapassar dez metros de altura. Chamas dançantes e suspensas iluminavam o ambiente, criando sombras medonhas no chão e nas paredes. Uma dúzia de colunas de pedra preta polida estendia-se pela passarela gigantesca do salão, seis do lado esquerdo e seis do direito, dividindo a área do trono daquela recheada de sofás e poltronas, que ficava alguns degraus acima. Nenhum destes assentos se comparava ao gigantesco trono de obsidiana de no mínimo dois metros de altura, com detalhes formados por pedras preciosas, que ficava postado na parte mais alta do cômodo.

E diante dele, Satã estava exatamente como ela se recordava. Nada diferente da imagem que causava seus terrores noturnos a não ser a armadura que revestia seu corpo e a coroa de obsidiana que se encaixava em sua cabeça, espinhos dourados revestindo-a. A híbrida quase preferia que ele fosse como nos retratos populares pela Terra, com pele vermelha, cascos de bode, chifres retorcidos e asas de morcego: nem um pouco parecido com as memórias que a atormentavam. Entretanto, o ser adiante era lindo como todos os arcanjos que conhecera, esculpido pelas mãos divinas que Pandora jurara terem esculpido Michael quando o conhecera.

Pandora odiava-o, o suficiente para ser tomada pela determinação pungente de atravessar aquele campo minado apenas para poder tirar sangue dele como ele tirara dela. O suficiente para esquecer de se importar com o medo.

Ela não atacou, não por enquanto. Os demônios de Lilith estavam a postos, formando uma terço das dezenas que enchiam o salão. Cada um ocupava uma posição estratégica, de modo que pudessem manter o exército inimigo ocupado enquanto Pandora, Lilith e Michael lutavam contra o Diabo.

Satã por sua vez emanava orgulhosamente sua energia pelo ambiente. Estava em seu lar, na sua fonte de poder, ali seu poder era quase ilimitado. Pandora já esperava por isso, a luva prateada em sua mão era prova de que se preparara.

Então, Lúcifer sorriu. Mesmo depois de ser surpreendido em seu covil pelas criaturas mais poderosas daquela batalha, o maldito sorriu.

Pandora queria dilacerá-lo com seus próprios dentes.

— Alguém está brava — ele observou, voltando a se sentar com certa displicência. Era como se a surpresa de mais cedo jamais tivesse passado pelo seu rosto. — E vocês dois... — Virou-se na direção de Michael e Lilith, cada movimento teatral demais. — Minhas melhores criações, me traindo dessa forma. Que desperdício! Quase me sinto triste por ter de matá-los.

Bile se acumulava na garganta da híbrida no lugar de palavras.

— O único que morrerá hoje é você — Michael rosnou, de modo que ela não precisasse se pronunciar.

Lúcifer colocou a mão sobre o peito, olhando o filho com falso e exagerado desapontamento.

— Eu lhe dei poder além da imaginação, praticamente o transformei em um deus do mundo que levantaríamos juntos, e é assim que você me paga? Com ameaças? Esperava mais de você, filho.

— Não sou seu filho.

O Rei do Inferno revirou os olhos, como se estivesse lidando com uma criança malcriada. Então, sua atenção repousou sobre Lilith.

— E você? — Desprezo transbordou da sua voz. — Se não fosse por mim, você não seria nada. Nós dois éramos incríveis juntos, e você me trai por isso? Por um arcanjo morto e uma pirralha insuportável que você nunca quis ter?

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora