— pandora!
Quando chegou em casa naquele dia, Pandora não queria fazer nada além de ser engolida por um buraco negro. Todavia, aquela não foi sua realidade.
Assim que ligou seu celular, não demorou muito até que novas mensagens das suas "amigas" chegassem. Embora já soubesse que as Price não tinham mentido quando afirmaram ser os únicos contatos da Williams, ter provas de que elas estavam certas não tornava toda aquela situação menos desagradável.
Elas narravam sobre o que aconteceu mais cedo na escola — como se a garota não soubesse — e acabaram citando que os professores especulavam que a causadora de tudo aquilo fora uma forte ventania. Aparentemente, ainda não sabiam que Pandora tinha conhecimento das coisas que falavam por suas costas e a ruiva não seria a pessoa a contar — querendo ou não, ainda precisava da carona de Mackenzie para o colégio.
Durante a tarde que passou com Michael naquele dia, a jovem em momento algum citou o que acontecera na sua escola, pois acabou decidindo que esperaria até ter certeza sobre a existência dos seus poderes para, enfim, conversar com o garoto sobre eles.
Seria mentira se dissesse que não passou o resto do seu dia tentando mover objetos aleatórios da sua casa apenas com a força do seu pensamento. Teoricamente, para alguém que tinha conseguido reduzir três espelhos enormes a pequenos cacos de vidro em menos de dois segundos, mover canecas não deveria ser um desafio tão grande; contudo, na prática, não fora bem assim.
Ela estava frustrada, não só por não ter controle sobre seus poderes, mas também por não saber quais eram eles. Talvez ela só destruísse coisas, talvez precisasse estar brava.
Ou talvez, na mais remota das hipóteses, o que aconteceu no banheiro foi, no fim das contas, apenas uma ventania.
}{
No dia seguinte, Pandora não estava com paciência para ir à escola.
Já tinha avisado Mackenzie que não precisaria buscá-la naquele dia, usando cólicas menstruais como uma desculpa. Seu pai, como sempre, não estaria em casa para cobrar sua presença no colégio, então não teria nada entre a garota e sua merecida manhã de descanso.
A Williams conseguiu dormir até por volta do meio-dia, quando acordou com fome. Com o som ligado no volume máximo, esquentou uma refeição industrializada e comeu-a sozinha; comparado ao seu almoço do dia anterior, aquele fora deveras sem graça.
Enquanto lavava a louça que sujou, Afraid começou a tocar, fazendo com que um sorriso involuntário surgisse de imediato em seu rosto. Foi impossível não se lembrar do dia que conhecera Michael; a forma como ele cantarolava a melodia da canção, perdido em seus pensamentos... Droga, aquilo parecia tanto tempo atrás.
À medida que ouvia a música, seus pensamentos acabaram sendo levados de volta para 2013, quando tinha um modesto iPod que carregava para todos os cantos. Lembrou-se, então, que o objeto ainda estava intacto e guardado no fundo do seu armário, substituído pelo aparelho celular.
Fechou a torneira e guardou o prato, em seguida, apressou-se em direção ao seu quarto, pronta para pegar o iPod e vasculhar pelas músicas que sua eu de quatorze anos ouvia. Talvez, se ainda soubesse mexer naquilo, ela pudesse baixar novas canções e presentear Michael com ele; afinal, à primeira vista, seus gostos musicais não pareciam distantes.
Mesmo com uma altura considerável para sua idade, Pandora precisou usar uma cadeira para alcançar a estante mais alta do seu guarda-roupas — aquela que continha lembranças inúteis da sua infância solitária.
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
FanfictionPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...