47. lost humanity

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— michael!

— Eu odeio esse lugar — Kendrick resmungou, com o rosto enterrado nas mãos.

Depois de almoçarem, Michael, Jake e Kendrick se atiraram sobre as poltronas do cômodo que mais se aproximava a uma sala de estar. Seu plano de se distrair, ao que tudo indicava, parecia estar ido bem. Pensara em Pandora vez ou outra, mas não o suficiente para se que se enfurecesse — irritava-se, no máximo.

— Você diz isso todo dia — Jake retorquiu, ajeitando-se sobre a poltrona.

O Harris soltou um grunhido.

— Só porque continua a mesma merda todo dia. — Então, virou-se na direção de Michael. — Me prometa que vai deixar esse lugar menos insuportável quando for nosso Supremo.

O estômago do loiro pareceu dar uma pirueta. Ainda era difícil de assimilar que se tornaria o seu líder. Ele gostava de ter poder, era verdade — sentira-se quase invencível mais cedo, quando humilhara Johnny. No entanto, havia uma parte de si que se perguntava constantemente se ele estaria pronto para liderar algum dia.

— Vou considerar — murmurou. Não sabia se aguentaria aquilo, mais aquela responsabilidade sobre suas costas, além da de ser o Anticristo. Sequer sabia o que fazer da própria vida.

Se ele seguisse com aquele plano, estaria concordando em viver uma mentira. Estaria se iludindo completamente, exatamente como Pandora dissera.

Contudo, isso não o deixava menos estressado com ela, nem fazia com que retirasse tudo que dissera. Estar certa em uma declaração não fazia com que deixasse de ser uma covarde egoísta e mimada.

— Eu só queria poder usar meu celular — Kendrick tornou a reclamar. O Langdon não o culpava.

— Por que não pode? — questionou, arqueando a sobrancelha.

O Harris se virou em sua direção, mas foi Jake quem respondeu:

— Estamos no subsolo, o sinal não pega muito bem aqui. Tem a ver com conceitos físicos de eletromagnetismo, ou algo assim.

O Anticristo sentiu sua respiração falhar por um segundo. Pandora o dera o celular para que pudesse se comunicar com ele, mas provavelmente não sabia sobre esse problema.

O Langdon insistiu para si mesmo que aquilo apenas o alarmara porque ele não chegaria a visualizar o texto de desculpas que a ruiva, eventualmente, o enviaria após perceber os erros que cometera. Ela não vivia sem ele, da mesma forma que ele não vivia sem ela. Era só questão de tempo até um dos dois pisar em sua dignidade e se arrastar no chão por perdão.

E ele esperava que fosse Pandora a fazer isso, tendo em vista que já se declarara uma vez e não pretendia fazê-lo de novo tão cedo.

Talvez, depois que ela se desculpasse e ele decidisse perdoá-la; quem sabe, só então, ele pudesse pensar em se desculpar com ela por acusá-la de tê-lo usado durante o tempo que se conheceram.

Hipoteticamente falando, claro.

— Estou preocupado com John Henry e Behold — Jake se pronunciou, felizmente despertando Michael da espiral mortífera que eram seus pensamentos sobre Pandora. — Os dois estão sumidos há tanto tempo e Ariel e Baldwin não parecem fazer nada sobre isso.

O Langdon engoliu em seco. Sabia exatamente o que havia acontecido com John Henry e tinha uma teoria sobre o paradeiro de Behold Chablis.

— John Henry vive desaparecendo e Behold está provavelmente procurando por ele. — Kendrick deu de ombros. — Pelo menos a gente vai ter uma folguinha dos dois.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora