13. do you care?

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— pandora!

Decidindo aproveitar o tumulto causado, Pandora conseguiu passar despercebida pela multidão que saía da escola. Seu coração estava tão acelerado que ela achou que, ora ou outra, fosse possível que saísse pela sua boca. Nenhuma de suas premonições sequer se comparava ao que ela havia feito.

Mas, afinal, o que é que havia feito?

Todos os pensamentos que tinha conforme andava para longe da escola lhe assustavam. Se suas emoções eram tão nocivas ao ponto de quebrar algo, o que será que não seria capaz de fazer se seu estresse fosse elevado ao máximo?

Ela não queria pensar naquilo, mas a situação fora incomum demais para que pudesse simplesmente ignorar — como fez semanas atrás, quando Michael usou de suas habilidades paranormais para quase derrubar a tijela de cereal de sua mão. Nada pareceu mudar dentro de si, o que indicava que qualquer poder bizarro que tivesse sempre estivera ali, esperando o tempo certo para se mostrar.

A Williams estivera andando por um tempo, já estava a uma distância considerável do colégio. Pausou sua caminhada, soltando um audível suspiro. A adolescente duvidava que fossem ligar o que aconteceu no banheiro a ela — seria loucura da parte deles se o fizessem —, mas preferia ficar longe por enquanto, temendo o que poderia fazer caso acabasse se descontrolando novamente.

Foi apenas quando pensou em voltar a caminhar que percebeu onde estava; seus pensamentos a envolveram de tamanha forma que ela não chegou a perceber que estivera esse tempo todo andando até a Murder House.

E lá estava a maldita casa, diante de seus olhos. Era quase como se seu corpo soubesse o que seu espírito queria, atraindo-a ao seu local de conforto. Levando-a até Michael.

Sem pestanejar, pôs-se a atravessar o quintal.

No momento em que adentrou a casa, Ben apareceu ao seu lado, já acostumada com aquilo, ela não se assustou.

— Olá — cumprimentou-a. — Você não tem aula hoje?

— Aconteceu um imprevisto. — Passou por ele e vasculhou a sala, em busca de Michael. — Tive que vir embora.

— Quer conversar sobre? — o Harmon inquiriu.

— Não — Pandora respondeu.

Percebendo que Michael não estava naquele andar, assumiu que ele provavelmente estaria em seu quarto, então não demorou até que começasse a subir as escadas.

— Eu não subiria se fosse você — o homem aconselhou atrás dela, fazendo com que parasse no meio da subida.

— E por que não? — Virou-se para encará-lo.

— Ele está trancado no quarto desde ontem — contou.

— É meio-dia! — ela exclamou, descendo dois degraus.

Ben, entretanto, apenas ergueu a sobrancelha, sendo aquilo recado o suficiente para ela terminar de descer as escadas.

— Noite difícil, huh? — A Williams questionou, caminhando em direção à sala.

— Você não tem ideia. — O fantasma suspirou, desabando sobre a poltrona. — Um dos fantasmas acabou mexendo com a cabeça dele, então eu tive que contar a ele algumas coisas que não sabia sobre seu nascimento. Ele ficou devastado e passou a madrugada toda se recusando a falar comigo.

Como se já não bastasse toda a sua angústia pessoal, ouvir as palavras de Ben fez com que algo em Pandora se remoesse internamente, dando-lhe mais vontade ainda de conversar com o garoto.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora