— pandora!
PRIMEIRA LINHA TEMPORAL
02 de Julho, 2016
O barulho estridente do despertador do celular, ecoando pela quinta vez naquela manhã, causou um grunhido abafado vindo de Pandora, que esticou o braço na direção do dispositivo e acabou por derrubá-lo, muito provavelmente criando mais uma rachadura em sua tela.
A jovem bufou, abaixando-se para alcançar o aparelho. Analisou-o, procurando uma nova marca, mas só pôde enxergar as antigas.
Ela não conseguiu se sentir aliviada, pois notou que já passavam vinte e cinco minutos do horário que deveria acordar normalmente — havia apertado ''soneca'' demais. A ruiva gritou um xingamento e se atirou da cama, desligando o ar-condicionado e correndo ao banheiro, onde tomou um banho rápido e escovou os dentes. Como não houve tempo para lavar seus cabelos ruivos que decidiram se rebelar contra ela naquele dia, decidiu prendê-los em um rabo de cavalo.
A Williams observou seu reflexo moribundo no espelho por alguns segundos: olheiras causadas por noites em claro assistindo a séries, pele pálida por falta de sol e lábios sem cor alguma; ela tinha uma beleza em si — ou pelo menos era o que a diziam —, mas sua aparência de doente e roupas largas certamente a escondiam.
Não teve mais tempo para contemplar sua derrota, pois ouviu a buzina inconfundível do carro de Mackenzie Price, sua amiga e carona para a escola. Ela suspirou, colocando o celular no bolso do seu moletom e descendo as escadas correndo. Seu pai estava tomando café da manhã na cozinha. Pandora se sentiu mal por ter se atrasado, queria ter podido aproveitar aqueles poucos segundos que tinha ele em casa.
— Filha, você pode pegar um Uber para vir embora hoje? — Gabriel indagou, erguendo o olhar na direção da filha. — Maggie ficou doente e eu me ofereci para cobrir seu plantão.
Algo pesou na adolescente. Ela tinha planejado passar aquela tarde com o pai, assistindo a algum filme idiota dos anos 80 que gostavam tanto.
— Não tem mais ninguém para fazer isso?
Ele negou com a cabeça. A garota respirou profundamente. Sabia que, como um médico, o pai tinha muito trabalho a fazer, muitas vidas para salvar, mas ela não conseguia evitar sentir como se a vida de todos fosse mais importante que a dela para ele.
— OK — murmurou, abrindo a porta e saindo de casa.
Estava na metade do gramado que separava sua residência da calçada, quando o pai pigarreou atrás de si.
— Não está se esquecendo de nada? — perguntou.
Ela franziu o cenho, virando em sua direção. Gabriel estava parado à porta, segurando sua mochila. A jovem retornou correndo, pegando o objeto e lhe dando um rápido um beijo na bochecha como agradecimento.
— Se cuida — ele disse.
E então, ela voltou a correr na direção do conversível de Mackenzie, atirando-se no banco de trás e cumprimentando a amiga e sua prima, Esther Price.
— Até mais, meninas — o Williams mais velho se despediu, acenando para elas.
As duas Price sorriram e acenaram na sua direção, gritando:
— Tchau, Sr. Williams!
Logo após Mackenzie fazer o teto do carro subir, e elas estarem longe o suficiente para que Gabriel não as ouvisse, Esther se virou na direção de Pandora.
— Seu pai é um sonho — disse, com brilho nos olhos.
— Você já disse isso. — A ruiva abriu um sorriso nervoso. Sempre ficava desconfortável quando comentavam sobre a beleza do pai. — Vocês duas chegaram mais cedo hoje.
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
FanficPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...