— pandora!
Pandora não sabia ao certo se tremia de nervosismo ou de raiva; ao mesmo tempo que a garota estava ansiosa para saber a verdade por trás de suas origens, estava furiosa com o pai por ter escondido aquilo por tanto tempo.
Sim, ela estivera mentindo para ele por meses, mas sentia-se imensamente culpada por isso. Enquanto isso, ele mentiu para ela durante dezesseis anos inteiros e não parecia ter um pingo de remorso.
— Vamos lá, desembuche — o apressou, mexendo as pernas, inquieta.
— Pandora, você é a Angemonium — Gabriel contou, olhando fundo nos seus olhos.
A Williams mais nova ficou em silêncio por alguns segundos, sentia a sua respiração descompassada e não conseguia deixa-la normal.
— E o que diabos isso deveria significar? — indagou, cruzando os braços.
— A cria de um anjo e um demônio — o homem explicou. — Angelus e Daemonium, do latim, a única de sua espécie.
A ruiva engoliu em seco, a palavra "única" ecoando em sua cabeça.
— Como isso aconteceu? — questionou, sentindo as mãos tremerem.
O olhar do seu pai oscilou.
— Lilith aconteceu — ele exprimiu, quase que em um rosnado.
Pandora gelou e prendeu a respiração, era a primeira vez que ouvia o nome da sua mãe sair da boca do pai. Se a mulher fosse tão ruim quanto a crença popular indicava, a menina era grata por nunca tê-la conhecido.
— Ainda não consigo entender como isso aconteceu.
Gabriel suspirou e, provavelmente percebendo que estaria prestes a contar uma longa história, sentou-se.
— Vamos começar do início, então — ele disse e Pandora teve que se segurar para não soltar um comentário sarcástico sobre a redundância da sua fala. — Muito tempo atrás, mas muito tempo mesmo, Deus criou toda forma de vida, incluindo o ser humano.
Quando ele disse que começaria do início, a filha não imaginou que ele estivesse falando sobre literalmente, o começo de tudo.
— E a evolução? — a garota inquiriu, erguendo a sobrancelha.
O pai sorriu, como se já imaginasse que ela fosse fazer essa pergunta.
— Não seria de primeira que Ele chegaria à melhor versão de cada espécie.
Deveria ter caprichado mais no ser humano, ela pensou.
— Achei que a bíblia dizia que foram sete dias.
— Em primeiro lugar, a bíblia foi uma péssima interpretação feita por um grupo de lunáticos. Diferente da crença popular, Deus não era perfeito e o que, para a Terra, foram milhões de anos, lá encima não passou de um suspiro.
— O que quer dizer com "era"?
— Deus se foi, Pandora — o pai declarou, fazendo com que ela arregalasse os olhos.
— Tipo, morreu? — Estava incrédula.
— Ele cumpriu seu propósito e, então, se sentiu livre passa dissipar em energia, tornando-se, enfim, onipresente — narrou e, por mais fantasioso que seu relato pudesse soar para os ouvidos de terceiros, ela acreditava em cada palavra. — Nós, anjos, fomos incubidos de cuidar do que foi criado por Ele.
"Michael — o anjo, o original, não aquele que você conhece — e Lúcifer sempre foram seus favoritos. Mas, quando a hora chegou, Michael ganhou o poder sobre o Paraíso. Lúcifer não gostou nem um pouco disso, então, quando ele e Michael travaram uma batalha, fui eu o responsável por ajudar Michael a joga-lo lá de cima, junto a todos aqueles que tomaram o seu lado".
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
Hayran KurguPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...