50. fire will purify you

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— pandora!

Durante toda a tarde, Pandora não conseguiu tirar o que acontecera naquela avenida de sua cabeça. Estava acostumada a situações estranhas; entretanto, prever a gravidez de uma professora não se comparava, de forma alguma, a reviver um animal. Ela sabia o que tinha feito, sentia em seus ossos cada vez em que pensava naquilo, só não conseguia entender como.

Chegando à sua casa, a garota deixou a mochila sobre o sofá e correu até o banheiro para trocar de roupas. No lugar de sua blusa de moletom e jeans, ela vestiu uma regata e um short, ambos de algodão. Fitou seu reflexo no espelho por alguns segundos, questionando-se como uma adolescente tão inútil como ela poderia ter trazido uma criatura de volta do mundo dos mortos.

Ela suspirou, decidindo pesquisar o que acontecera a Internet. Não encontrou muita coisa além de um anúncio, que chamava jovens bruxas para uma tal ''Academia da Madame Robichaux''.

A Williams revirou os olhos, fechando a tela do seu computador. Estava claro que nada daquilo a ajudaria, então teria de se ajudar sozinha.

A ruiva observou em volta, perdida. Estivera se sentindo tão mal, tão vazia, que qualquer coisa que pudesse torná-la importante — especial; diferente — ela aceitaria como verdade absoluta.

E então, seus olhos se focaram em um vaso de plantas. Nele, havia uma mudinha — ela não sabia ao certo qual planta deveria originar —, morta. Seu pai provavelmente não tivera tempo de regá-la, já que praticamente morava em seu trabalho.

Pandora suspirou, aproximando-se. Poderia estar completamente equivocada, mas tinha certeza que não morreria caso tentasse trazê-la de volta à vida.

Ela observou a muda seca e retorcida. Então, encostou sua mão na terra, inspirando profundamente e fechando os olhos. Só precisava de uma confirmação, só isso. Precisava saber se era mais do que sempre acreditou ser.

Não sabia por quanto tempo tinha ficado daquele jeito, com a mão dentro do vaso e implorando à planta para que revivesse. Estava prestes a desistir, quando sentiu algo roçar contra seu rosto.

A adolescente abriu os olhos, quase gritando quando se deparou com o caule que se estendia para além do vaso, repleto de folhas verdes e algumas flores de pétalas roxas. Era verdade, então. Ela realmente tinha...

Poderes.

Sua cabeça girou e seu estômago deu uma pirueta tão grande que tudo que ela conseguiu fazer foi se levantar da cadeira, pois logo em seguida estava estatelada no chão, inconsciente.

Se desmaiara pelo choque frente à revelação sobre si mesma ou por ter ultrapassado seus limites, Pandora não saberia dizer.

11 de novembro, 2016

Por mais que Pandora fosse anormalmente ótima em Matemática — coisa que ela não entendia, uma vez que acreditava ser uma das pessoas mais burras que já conhecera —, ela ansiava pelo fim daquela aula penosa. Odiava estar confinada àquela sala, odiava os burburinhos vindos dos colegas, odiava os idiotas que atiravam bolas de papel pela sala, odiava a voz estridente da professora e, mais que tudo, ela odiava aquele maldito relógio, que parecia ser ainda mais lento que seus pensamentos — o que significava muito.

Ela já tinha terminado os exercícios passados pela professora, então tudo o que lhe restava era encarar aquela droga de relógio, esperando o momento em que o sinal batesse e ela pudesse trocar aquele tormento por outro. Tique... Ela inspirou. Taque. Expirou. Tique...Inspirou novamente, de forma mais profunda. Taque.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora