06. friends... or something like that

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— pandora!

Se Pandora tivesse que nomear a coisa mais estranha daquele dia, ela não tinha dúvidas de que ficaria horas tentando se decidir entre suas visões, a conversa com um fantasma ou a descoberta de que era mais parecida com o híbrido de um fantasma e uma mulher viva do que esperava.

Quanto tocou o garoto, segundos atrás, tornou impossível negar que Michael era a personificação da energia daquele lugar. Ela pôde começar a entender o que ele dizia quando insistia em ser o perigo do local, mesmo que ela tivesse uma inexplicável certeza de que ele nunca a machucaria.

— Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo — disse, quebrando o silêncio. — Eu sei que não fui a única que sentiu isso, da mesma forma que não fui a única que teve premonições.

O Langdon bufou, cruzando os braços. A ruiva sabia que ouvir aquelas coisas de alguém que havia invadido sua casa não devia ser divertido, porém não só de felicidade vivia o homem.

— Então, conte-me mais sobre essas suas "visões". — O menino ajeitou os ombros contra a cabiceira da cama.

— Eu te disse tudo o que sei — ela falou, embora não fosse a completa verdade, visto que tinha tirado de fora a parte em que as vozes a culpavam pelo que aconteceu. — Sabe aquele desenho que você desdenhou quando fez sua birrinha e correu para o quarto? Aquilo era a visão!

— Não fiz birra — o loiro murmurou, levando Pandora a revirar os olhos.

— Que seja, cachinhos dourados.

— Dá para parar com os apelidos? — Michael esbravejou, encarando-a como se fosse uma criança o cutucando.

— Não vai rolar, Barbie. — Negou com a cabeça, a forma como divertia-se com a irritação do filho de um fantasma genocida era diferente. — Escuta, aquilo dizia claramente que eu deveria te ajudar, então preciso que você me diga: com o que está precisando de ajuda?

O Langdon a encarou por um segundos e ela não duvidou que ele estivesse imaginando formas diferentes de explodir a cabeça da garota.

— Não sei.

— Você não sabe de nada?

— Sei mais do que você, tenho certeza — revidou, erguendo a sobrancelha com superioridade.

Agora, Pandora era quem fantasiava em explodir a cabeça do garoto.

— Você tem certeza que não tem nada? — ela rosnou a pergunta. — Talvez um empréstimo? — Sem resposta. — Alguém para te ensinar a tocar piano? — Sem resposta. — Dicas para conquistar as gatinhas da escola? — Tanto Michael quanto a Williams franziram o nariz com a última pergunta. — Ok, esquece essa, você nem vai à escola.

— Acredite em mim, a escola não é a parte bizarra — ele garantiu.

— E o que é? — a menina inquiriu, levemente ofendida com a forma como ele a olhava.

— O fato de você achar que saber conquistar uma garota pode salvar o mundo — respondeu, como se fosse óbvio.

— Nunca se sabe. — Ela deu de ombros. — Mas se quiser mesmo uma dica: com esses olhinhos, é só mandar a cantada do sonho que você se sai bem com qualquer uma.

— Funcionaria com você?

— Não. — Seu tom foi seco. — Você estragou suas chances comigo quando me ameaçou e me chamou de criatura arrogante.

Pela primeira vez desde que o conhecera, ela viu Michael sorrir.

Uau, você tem dentes — ela comentou, fingindo surpresa.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora