65. the mistake

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— michael!

19 de Dezembro, 2017

Era sempre legal ficar na sala com Pandora, independentemente do que estivessem fazendo.

Michael possuía a cabeça sobre uma almofada no colo da jovem, que mantinha os olhos fixos na televisão. Os dois assistiam a Segundas Intenções, mais um dos filmes antigos que a Williams dizia ser parte da sua infância.

— Eu sempre me senti culpada por ter uma queda pela irmã psicopata dele — ela comentou, passando a mão pelos cabelos dele. Um arrepio involuntário passou pelo seu corpo com o toque.

Michael riu, olhando-a de soslaio.

— Eu não me sinto.

Ela beliscou a ponta de seu nariz. Infelizmente, o rapaz não foi rápido o suficiente para conseguir morder sua mão.

— Isso é porque vocês são praticamente a mesma pessoa, lindinho — zombou, recebendo uma careta em troca.

Era estranho como Pandora o provocava sem irritá-lo de verdade. Michael nunca se cansaria daquele jogo dos dois, aquelas trocas de farpas. Momentos como aquele o distraíam do sentimento que queimava de maneira lenta e dolorosa em seu âmago, consumindo-o gradativamente até que não houvesse escapatória da verdade que tanto o assustava.

Aceitar aquilo seria consolidar mais uma fraqueza. Ele era o Anticristo, afinal. Não tinha o luxo de se deixar apaixonar.

O rapaz, com bastante pesar, retirou a mão que a ruiva mantinha repousada em suas madeixas, tornando a se sentar no sofá. Sempre que aqueles pensamentos começavam a atormentá-lo, como uma constante e insuportável buzina em sua mente, manter o contato físico com a adolescente apenas acentuava aquele barulho, tornando-o impossível de se ignorar.

Ele fora partido quase tão irremediavelmente que era impossível aceitar a ideia de que alguém além de Mead pudesse sentir qualquer coisa por ele que não fosse desprezo.

Michael queria que fosse mais fácil. Queria que estivesse inteiro, que não houvesse aquele peso e culpa sobre ele. Assim, poderia aceitar quaisquer que fossem as sensações que o dominavam. Só então, teria a coragem necessária para fazer algo com elas.

E ele queria muito fazer algo com elas.

Quando o filme chegou ao fim, Pandora desligou a televisão, jogando a cabeça para trás com um grunhido de irritação. O Langdon franziu a sobrancelha em sua direção.

— Eu queria comer sushi — exclamou, a mão sobre o estômago.

Michael acenou com a cabeça, a mesma vontade fazendo-se presente nele.

— Peça, então.

Ela cruzou os braços, uma careta de raiva se fazendo presente em seu rosto.

— Não tem. Simplesmente não tem!

O menino piscou algumas vezes, assimilando sua fala.

— Tem certeza? — inquiriu.

— Sim — ela rosnou.

— O cara vendeu a alma por esse resort e não conseguiu encaixar um maldito restaurante japonês? — Ele torceu o nariz, indignado.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora