ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon

61. you can't handle my wildness

— pandora!

15 de Novembro, 2017

Passar mais de uma semana confinada em um resort com o Anticristo não fora tão assustador quanto poderia parecer, especialmente quando as duas partes haviam firmado um tipo de amizade incomum naquele tempo. Sempre tinha algo para fazer: fosse um jogo de tabuleiro para jogar, um filme para assistir, ou muita besteira para comer. E, claro, várias conversas para serem jogadas fora.

Um dia antes, assim que terminaram de almoçar, Pandora obrigara Michael a assistir aos filmes da Marvel que tanto amava com ela na televisão da sala. No dia seguinte, às onze da manhã, os dois já haviam alcançado a cena pós-créditos do filme Capitão América: O Soldado Invernal.

Ela ainda não conseguia acreditar que alguém jamais tinha assistido àqueles filmes. Fazer o rapaz se tornar um fã era de utilidade pública.

— Seu veredito? — inquiriu, os olhos piscando ansiosamente.

Michael tornou-se para encará-la, o cenho franzido.

— Sobre?

A ruiva revirou os olhos. Às vezes ele conseguia ser mais estúpido que ela — o que não era um trabalho fácil.

— Sobre o filme, oras! É o meu favorito.

Ele a fitou por um instante antes de respondê-la.

— Foi um bom filme, até melhor que os outros — constatou e passou a língua pelos dentes. — Acho que os seus gritinhos atrapalharam um pouco a experiência, mas nada que eu não consiga lidar.

— Você tem certeza que assistiu ao mesmo filme que eu?! — a jovem exclamou. — Bucky Barnes estava em tela ao lado de Natasha Romanoff. Não tem como não surtar!

O Langdon comprimiu os lábios, pensativo.

— É, você tem um ponto.

— Eu sei que tenho. — Pandora sorriu, usando de seu ombro para encostar no dele. — Mais alguma observação?

— Acho que não — Ele deu de ombros, recostando a cabeça no assento do sofá. — O que posso garantir é que foi um alívio não ter que aturar o Homem de Ferro nesse filme.

A Williams enrugou a testa, em confusão.

— Por quê?!

O rapaz ao lado fez uma careta.

— Eu preciso responder? — A ruiva assentiu repetidamente. Michael revirou os olhos. — Tony Stark é tão entediante. Tudo o que sai da boca dele é uma piadinha estúpida para manter seu ego frágil intacto e irritar todo mundo, só para encobrir o fato de que ele tem pavor de se aproximar de qualquer ser humano.

A garota cruzou os braços, a expressão ainda incrédula.

— Eu me identifico com Tony Stark.

O Anticristo riu com escárnio, olhando-a de cima a baixo.

— Bom, isso explica muita coisa.

Ultrajada, Pandora estava prestes a atirar a almofada mais próxima nele quando uma batida à porta foi escutada. Sua expressão de irritação foi substituída por alívio.

— Você foi salvo pelo nosso almoço — avisou, apontando ameaçadoramente na direção do menino.

Ela observou o Anticristo caminhar até a porta, a fim de receber a refeição. A adolescente odiava o quão fácil era esquecer de seus problemas quando estava com Michael — especialmente quando um terço deles foram causados por ele. Era fácil se distrair do que ela era, do que a esperava na Academia da Madame Robichaux, da responsabilidade em relação ao Apocalipse... Porque naquele momento era só ela e o Langdon, fingindo ter uma vida normal que não girava em torno de uma guerra milenar entre Céu e Inferno.