01. bad dream

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— pandora!

Pandora estava sem ar quando acordou e seu coração estava tão acelerado quanto o bater de asas de um beija-flor.

Aquele definitivamente não tinha sido seu melhor sonho.

Ela passou as mãos frias e trêmulas pela testa, enquanto tomava consciência do lugar em que estava: seu quarto. Olhou para janela e, pela pequena parte que não foi tampada pela cortina, pôde ver que o sol já tinha nascido. Suspirou de alívio, pelo menos não teria que voltar a dormir e correr o risco de retornar ao mesmo pesadelo.

A Williams ligou o visor do celular e viu que faltava trinta e três minutos para o seu despertador tocar, ou seja, ela teria meia hora extra para se arrumar naquele dia.

Se levantando pesarosamente, desligou o ar-condicionado e abriu as cortinas, deixando que a luz solar iluminasse o ambiente. Enquanto se acostumava com a luz, se arrastou até o banheiro, onde tomaria um banho gelado para limpar o suor proveniente daquele sonho horrível e se preparar para mais um dia quente em Los Angeles.

Já sem seu pijama de estrelas cobrindo o corpo, pôde se posicionar debaixo do chuveiro e deixar a água fria cair sobre si. Ela esperava que, junto com a água, as lembranças do pesadelo fossem embora, mas, cada vez que fechava seus olhos, ela voltava a ver os corpos. Milhares deles, queimados até os ossos. Pandora ainda conseguia ouvir os gritos e as lamúrias, eram centenas de vozes clamando por ela e perguntando o porquê de não tê-los salvado.

Com seu coração voltando ao estado acelerado de antes, terminou de enxaguar seu corpo e saiu do box. A ruiva pegou a toalha que tinha deixado dependurada no gancho da porta no dia anterior e a usou para se secar, enquanto pensava em filhotes de gatos para se distrair dos corpos fumegantes que insistiam em aparecer na sua mente.

A garota olhou para baixo por um instante, onde seu celular vibrava na pia por causa das notificações das mensagens de "bom dia" de Mackenzie Price, sua amiga e carona para a escola. Sorriu, pensando em respondê-la quando estivesse seca e vestida, e subiu seu olhar para o espelho.

A ruiva teve que suprimir um grito quando viu seu reflexo. Ao invés de alguém que acabara de sair do banho, ela se via ensanguentada e suja de terra e, na superfície do espelho, estavam escritas com sangue duas frases: "Vá à Murder House. Ache Michael".

Quando piscou, tudo voltou ao normal. Ela estava coberta apenas por gotículas de água e seu espelho parecia intocado.

Se apoiou na pia, derrubando sua escova e celular no chão. Pandora sentiu sua respiração falhar, enquanto o medo e a confusão tomavam conta de si. Ou ela estava ficando louca, ou algo de muito ruim estava para acontecer.

— Vá à Murder House. Ache Michael — sussurrou consigo mesma, se recordando do que tinha visto. — O que isso deveria significar?

Quanto mais pensava, menos as coisas faziam sentido. Talvez estivesse mesmo ficando louca.

Tremendo, a menina se abaixou para pegar sua escova e o seu celular, que felizmente estava intacto. Tentou, inefetivamente, se concentrar em se arrumar, não em sonhos e alucinações — ela teria a aula de filosofia toda para isso.

Quando estava finalmente com o cabelo penteado e vestida, Pandora saiu do seu quarto. Imediatamente, sentiu o cheiro de ovo frito, fazendo com que não precisasse terminar de descer as escadas para saber que Gabriel Williams, seu pai, estava em casa.

— Filha, tem como você vir de uber hoje? — ele indagou assim que a menina colocou os pés na cozinha.

— Tem — falou, se servindo um copo de suco de laranja. — Por que?

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora