76. who's the biggest liar of them all?

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— pandora!

08 de Fevereiro, 2018

Pandora acordou com um mau pressentimento naquela manhã. Apesar ter dormido um sono sem sonho algum, a sensação que tinha era a de acordar de um pesadelo horrível e pavoroso.

Ela sentou, passando as mãos pelos olhos pesados. Michael não estava na cama com ela, ou em qualquer lugar do quarto. Assumindo que ele pudesse estar na sala de estar providenciando seu café-da-manhã, ela ergueu-se.

A Williams teve de engolir um grito ao adentrar o banheiro. Sangue escorria pelo espelho, manchando seu reflexo de vermelho; no chão, havia uma poça desse mesmo sangue, aquele odor pungente de cobre afetando-lhe os sentidos.

Com o coração para sair pela boca, Pandora atravessou o quarto correndo, a porta fazendo um estrondo quando a escancarou para a sala, o desespero presente em cada célula do seu corpo.

Alívio abateu-se sobre ela assim que viu Michael, sentado no sofá sem uma gota de sangue em sua roupa. Essa sensação durou pouco, pois ela percebeu que a mala que emprestara de Madison para a missão estava aos seus pés, parecendo cheia de roupas.

Ela engoliu em seco, o coração batendo com tanta força que ameaçava explodir. As extremidades do seu corpo formigaram conforme ela tentava entender a correlação do sangue com a imagem que via diante si.

— Acredito que tem algo para me contar, Pandora. — O rosto dele estava tão sério quanto estivera no dia que a jovem o vira invadir a Missa Negra com Madelyn. Aquela intervenção poderia significar muitas coisas, e ela tinha certeza absoluta que nenhuma era boa.

Tudo o que conseguia era pensar na tarde anterior, quando sentira sua presença no quarto em meio a uma conversa com Madison e Zoe. Michael parecera deveras desconfiado, porém se tivesse ouvido algo, teria reagido, certo? Teria a confrontado, pelo menos.

— Depende do quanto você já sabe — disse, os músculos tensos a cada palavra. Não havia razão para relaxar, era uma presa sendo observada pelo seu predador, e não sabia se teria forças para lutar, ou sequer correr dele.

Talvez ela só devesse se deixar ser dilacerada.

Ele se colocou de pé, a postura impecável. Suas mãos se fecharam atrás das costas, e seus olhos turquesa observaram-na com um sentimento de ódio tão profundo que ela temeu afogar-se nele.

— A cria do Céu e Inferno é uma atriz e tanto, quem diria? — ele observou, cada palavra sendo uma gota de veneno no seu coração. — Qual foi a parte mais divertida, Pandora? Me fazer revelar todos os meus segredinhos sujos para ter o que relatar às suas amiguinhas bruxas, ou me usar para suprir todos os seus desejos sórdidos?

Morrer não pareceu uma ideia tão ruim naquele momento.

Seus órgãos pareciam derreter em seu interior, como se tivesse acabado de ingerir uma garrafa inteira de soda cáustica. Ela não sabia o que dizer em sua defesa porque, verdade fosse dita, não existia nada ao seu favor.

— Não é exatamente como você imagina. — Uma péssima resposta, mas a melhor dentre as opções terríveis.

Michael passou a língua pelos dentes.

— Explique-se, então. — Ele a mirou em desafio. — E não poupe detalhes.

Seus joelhos não falharam naquele momento, o que significava pelo menos uma vitória para ela.

— Quando meus poderes começaram a se manifestar, eu achei que fosse uma bruxa. Meu pai, o anjo Gabriel, não achou pertinente me contrariar, e permitiu que eu fosse com Cordelia para a Academia da Madame Robichaux — confessou Pandora, um tipo de alívio passando por ela ao finalmente dizer essas palavras a ele. Estava encrencada, e muito, mas sabia que aquilo aconteceria eventualmente, então o mínimo que poderia fazer era contá-lo tudo como vinha fantasiando em fazer havia semanas. — Mesmo depois de descobrir que eu não era uma bruxa, a Suprema permitiu que eu permanecesse no internato, aprendendo magia com elas e ajudando como pudesse.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora