33. all the good girls go to hell

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— pandora!

A ideia de passar um mês em um lugar maquiavélico como o Hotel Cortez poderia ter assustado Pandora de início. Para alguém familiarizada com a Murder House, a jovem não acreditava que pudesse ter uma boa experiência naquele lugar — inúmeras vezes mais mortal que a casa mal-assombrada. No entanto, com o passar do tempo, suas crenças foram desmentidas.

A Williams nunca imaginou que pudesse criar uma relação não-hostil — era cedo demais para chamar de amizade — com o fantasma de um assassino em série, ou que sua mãe demônio pudesse ajudá-la com seus pesadelos. Ela também não achava que pudesse sobreviver àquele lugar sem ter Michael ao seu lado, mas parecia estar fazendo um bom trabalho.

O Langdon estar há tanto tempo longe dela a preocupava, tanto pelo seu bem-estar, quanto pelo das pessoas que o cercavam — Pandora sabia que Michael nunca a machucaria, mas não poderia dizer o mesmo sobre terceiros. A única coisa entre ele e o Apocalipse era sua vontade de ser bom, de não machucar mais ninguém inocente, a Williams era a responsável por ajudá-lo naquilo, mas, agora que estavam separados, era uma tarefa complicada, ainda mais com tudo pelo que a garota estava passando: sua mãe, seus poderes, o ritual iminente... Ela teria de confiar que Michael não explodiria o mundo enquanto estava fora, pois não havia nada que pudesse fazer sobre isso, não na sua situação atual.

Apertou com força o chaveiro do Darth Vader que tinha no bolso. Michael não tivera a oportunidade de levá-lo com ele e, ainda que tivesse algumas fotos dele no seu celular — as quais tirou sem sua permissão —, ter consigo aquela miniatura do vilão de Star Wars a confortava.

— Aparenta estar mais desatenta que o comum hoje. — A jovem estava sentada no bar do hotel quando ouviu alguém. O sotaque e o tom de voz eram inconfundíveis, portanto não precisou virar-se para saber que se tratava de James Patrick March.

Pandora tomou um gole do seu Mountain Dew, encarando o homem ao seu lado.

— Não deveria estar no seu jogo de baralho diário? — questionou. Sabia que James passava a maior parte do seu tempo jogando truco com um outro fantasma, cuja morte fora ele o responsável.

— Eu jogo bastante, é verdade, mas não o tempo todo — March retrucou, levando um copo de uísque à boca. A ruiva nunca entendeu como as pessoas conseguiam beber aquilo; experimentara uma vez e duvidava que havia diferença daquilo para gasolina pura. — Especialmente quando tenho visitas tão intrigantes quanto você aqui.

A Williams desviou o olhar, deixando que um sorriso ladino tomasse lugar em seu rosto.

— Mais uma conversa sobre a minha aura confusa? — Ergueu a sobrancelha, indagadora. — Olhe, já te disse: é só o resultado de um cruzamento proibido entre um anjo e um demônio. Nada de mais!

— Há algo a mais — ele insistiu, colocando os braços sobre a mesa. — Ainda não sei apontar o que é, mas, que a senhorita tem um incrível talento para a arte das trevas, isso é inegável. Quem sabe, se me conhecesse durante meu auge, pudesse ter se tornado uma de minhas pupilas.

— Como um dos assassinos em série que vêm aqui uma vez ao ano? — perguntou. Tinha conhecimento de parte do passado de March, com todas as matanças e, mesmo depois de morto, levando outros ao caminho do assassinato em série. A garota só sabia sobre isso porque havia sonhado com um dos banquetes de Halloween, ou Noite do Demônio, como gostavam de chamar.

— Precisamente. — Assentiu, com um sorriso. — Contudo, meus dias de matança acabaram, assim como meus dias de mestre.

— O que te faz acreditar que eu iria aceitar, de qualquer forma? — Pandora cruzou os braços. — Eu não sou assim, eu sou uma boa pessoa!

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora