— pandora!
Pandora tentou ser silenciosa ao abrir a porta de entrada, mas, dado o fato de estar sustentando todos os seus pertences nas costas e nos braços, não obteve sucesso. A porta rangeu e, trupicando, passou pela abertura.
Assim que conseguiu adentrar a Murder House, viu Michael parado no meio da escada, usando um pijama. Ele parecia claramente na defensiva, talvez achando que a garota fosse algum invasor — afinal, já passava das três da manhã.
— Sou só eu — anunciou, erguendo as mãos em rendição. Logo em seguida, deixou sua mochila e sua sacola no chão, livrando-se do peso.
— O que está fazendo aqui a essa hora? — o Langdon perguntou, analisando-a com preocupação. — Você está bem?
E foi isso; essas foram três palavras que fizeram com que começasse a chorar novamente.
Suas pernas fraquejaram e ela caiu no chão, de joelhos, com suas mãos cobrindo o rosto. Pandora não estava bem, nunca esteve. Ela não tinha nada além de Michael e isso a assustava, pois havia acabado de descobrir que estava predestinada a mata-lo.
Seu peito pesava, quase como se tivesse uma bigorna sobre ele, pressionando seus ossos e impedindo-a de respirar direito. Sua cabeça girava, porque tudo o que ela conseguia fazer era pensar sobre cada palavra que seu pai disse e sentir vontade de chorar mais.
Por que aquilo tinha que doer tanto?
Então, ela ouviu um som abafado vindo da sua frente. Antes que pudesse abrir os olhos e ver o que era, braços a envolveram e, no momento que foi tocada, soube do que se tratava: Michael havia se ajoelhado para que pudesse abraçá-la.
— Eu estou aqui — ele sussurrou, passando a mão pelos seu cabelos ruivos de forma desajeitada. — Você não está sozinha.
Ela enterrou o rosto no seu peito, devolvendo o abraço. Aquele era, sem dúvidas, o melhor lugar no qual poderia estar.
A Williams pouco se importava com a Murder House, a casa em si era um lugar horroroso para se morar, a única pessoa para a qual ligava era Michael. Ela queria estar com ele, mesmo que isso significasse ter que morar em uma casa mal-assombrada.
Só o seu abraço fazia com que valesse a pena.
}{
Depois que conseguiu se acalmar, foi ajudada a se levantar por Michael e os dois foram até a sala. Lá, assim que recuperou o fôlego e parou de chorar, desandou a contar tudo o que tinha descoberto naquela noite, Pandora garantiu que nenhum detalhe ficasse de fora, por mínimo que fosse.
Ela sabia que, muito provavelmente, revelar ao Langdon que ele era o Anticristo naquelas circunstâncias poderia não ser uma atitude inteligente, mas não cometeria o mesmo erro que seu pai cometeu; Michael merecia saber o que era.
No momento em que terminou de tagarelar, fitou o garoto, que tinha o seu olhar perdido no dela, atônito. Ele não parecia exatamente surpreso, era quase como se tivesse confirmado algo que ele já suspeitava há muito tempo, mas tentava ignorar.
— Pelo menos, agora a gente sabe o que você precisa fazer para impedir o Apocalipse — o loiro comentou, rindo sem humor.
— Eu não vou te matar — Pandora bradou, sentindo-se tentada a agredí-lo por sequer cogitar isso. — Está louco?! — Ela balançou a cabeça. — Quer saber? Não precisa responder, está claro que você pirou de vez.
— Você sabe que é verdade, porém.
— NÃO — ela gritou, assustando-o. — Isso está fora de cogitação.
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
FanfictionPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...