— pandora!
O cheiro de álcool atingiu as narinas de Pandora. Todo o seu corpo estava amarrado a um tronco de madeira e ela estava tonta, sem conseguir entender o que estava acontecendo. O mundo à sua volta parecia girar conforme ela ouvia brados de fúria.
— Queime a bruxa! — gritavam. Ela franziu o cenho, quis gritar que não era uma bruxa, que não tinha feito nada de errado, mas não tinha forças para falar nada. O que quer que tivessem usado para drogá-la e arrastá-la até o meio daquela floresta, com meia dúzia de lunáticos pedindo pela sua morte, ainda não tinha deixado seu corpo completamente.
Ouviu o som de chamas tremularem e virou a cabeça, rápido o suficiente para ver um homem de meia-idade aproximar-se, segurando uma tocha. Ele a encarava com nojo, havia certo ódio no fundo dos seus olhos. Em volta do seu pescoço havia um crucifixo dourado.
— O fogo irá te purificar — disse. Seu tom era quase fanático.
Ela debateu-se, tentado se livrar das amarras que esmagavam suas costelas e seus pulsos. Foi ineficaz.
— Não faça isso... — Pediu, em um sussurro, quase sem ar. — Por favor...
O homem aproximou a chama da menina.
— Devia ter pensado nisso antes de compactuar com artes das trevas.
A última coisa que sentiu foi o cheiro nauseante de carne queimada e então, tudo ficou preto.
Assim que abriu os olhos, a claridade proveniente das janelas abertas atingiu-os, causando uma pontada de dor na sua cabeça. Maldita fosse sua ressaca.
Grunhiu de raiva, puxando as cortinas com tanta força que quase as rasgou. Odiava acordar cedo, odiava pesadelos, odiava o sol. Em suma, ela odiava tudo.
O dia anterior fora, de certa forma, exaustivo; na sua primeira metade, não fez nada além de transar e, na sua segunda, vomitou toda e qualquer coisa que pudesse estar no seu estômago. Ela era grata à amnésia momentânea causada pela tequila, pois não acreditava que seria fácil se lembrar de cada detalhe das coisas que fizera. Em algum ponto, ela pareceu perceber que a influência da luxúria não se mostrava presente apenas sobre si, como também sobre aqueles à sua volta. Quase todo mundo parecia querer um pedaço dela.
E ela os deu.
O fato de ter feito uma festa em um hotel foi de tremenda ajuda, uma vez que havia vários quartos vazios onde pudesse ter privacidade. Agora que estava sóbria e sem o pecado da luxúria dominando suas ações, sentia-se mal ao pensar em todas as coisas que tinha feito, sendo completamente tomada pelo arrependimento. A ruiva não sabia ao certo com quantas pessoas diferentes tinha transado. Alguns eram seus colegas, outros simplesmente desconhecidos. Seu estômago se revirava toda vez que pensava que, às vezes, havia mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Droga, como ela pôde fazer aquilo consigo mesma? Como pôde perder o controle de tal forma? Será que ela tinha controle algum?
— MALDITO RITUAL, MALDITA LUXÚRIA, MALDITA LILITH! — bradou furiosa, socando a parede atrás da sua cama. Sua mão doeu, o que fez com que gritasse ainda mais. — MALDITA PAREDE! VAI SE FODER! ARGH, QUE ÓDIO! CARALHO, PUTA QUE PARIU!
— Parece que a ira já começou a fazer efeito. — Lilith observou, surgindo ao pé da cama.
Sem pensar, Pandora agarrou o primeiro objeto que pôde e atirou-o na direção da mulher, que o aparou a centímetros do seu rosto. Só então, a mais nova pôde perceber se tratar do controle remoto.
— JÁ FALEI PARA VOCÊ NÃO ENTRAR ASSIM!
— Pare de gritar — o demônio mandou, devolvendo o controle ao seu local de origem.
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
FanficPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...