— pandora!
Pandora não conseguiu evitar que um sorriso se fizesse presente no seu rosto conforme passava as poucas fotos que tinha de Michael, logo no começo da galeria do seu celular. De todas as mídias que tinha dele, sua preferida era um vídeo de sete segundos do rosto do garoto. Ele ria de forma genuína e despreocupada, coisa que não fazia muito, no entanto, quando percebeu ser gravado, tornou à sua carranca usual, levando, desta vez, a Williams a cair na gargalha.
A ruiva se lembrava daquele momento. Ela e o Langdon estavam sozinhos, no meio da sala de estar. O loiro dava-lhe dicas sobre pirotecnia e achou engraçado quando ela acabou por quase atear fogo no sofá, dizendo algo sobre ela ser piromaníaca. Ela, é claro, ameaçou colocar fogo nele, coisa que causou sua crise de riso. O Anticristo estava tão lindo daquela forma que ela achou simplesmente impossível deixar de gravá-lo.
Boba apaixonada, pensou, brincando com o chaveiro do Darth Vader por entre os dedos. Será que Michael era tão idiota quanto ela ao ponto de passar noites em claro relembrando de momentos juntos, agarrando-se à única coisa que sobrara da garota: memórias?
Quando ouviu três batidas à porta, balançou a cabeça e afastou tais pensamentos, escondendo seu celular debaixo das cobertas. O que será que Lilith pensaria de sua baboseira romântica, ainda mais depois da conversa que tiveram um dia atrás? Era certo que a criticasse por ser tão tapada.
Sem esperar por uma resposta, a mulher irrompeu pela porta segurando um bolo. Sobre o doce havia duas velas, o número um e o número sete, formando o número dezessete: a idade que Pandora estava fazendo naquele dia, tendo em vista que já era por volta da meia-noite.
— Parabéns pra você, nessa data querida... — o demônio cantarolou. — Ah, foda-se, você sabe como acaba.
A jovem abriu um sorriso, ajoelhando-se na ponta da sua cama e observando o bolo com um brilho no olhar. De repente, o jantar de mais cedo pareceu desaparecer do seu estômago, fazendo com que sentisse fome — fome por aquele bolo.
— É de Red Velvet?
— Sim, é o seu favorito, não é? — a loira indagou, tendo sua pergunta sendo respondida por um aceno de cabeça da filha. — Vamos, assopre e faça um pedido!
Pandora assentiu, fechando os olhos. Havia muitas coisas que queria; muitos pensamentos que permeavam sua mente durante o dia, praticamente sufocando-a. Todavia, tudo isso desapareceu com as palavras da sua mãe. Todos os seus anseios viraram pó, tornaram-se irrelevantes, pois nenhum deles era tão incisivo e insistente quanto um em específico.
Eu quero meu Devil Jr. de volta. Ela assoprou as velas, apagando-as.
— Hora de comer! — Lilith anunciou, deixando o bolo sobre a escrivaninha do quarto, junto a uma espátula, dois pratinhos e duas colheres.
Percebendo estar mais animada com a ideia de se alimentar que de costume, a adolescente já pôde notar os efeitos do pecado da gula sobre ela. Sorriu, pegando um pratinho e esperando que o demônio lhe servisse um pedaço de bolo.
O primeiro de muitos.
}{
Era por volta das oito da manhã quando Pandora acordou esfomeada. O bolo inteiro que comera na madrugada, em adição à boa parte do seu frigobar, pareceu não surtir efeito duradouro, uma vez que a adolescente sentia cada vez mais vontade de comer.
Ela bufou, esticando-se para alcançar seu celular, vendo centenas de notificações. Na noite anterior, após seu jantar com James Patrick March e a Condessa Elizabeth, usou do seu Instagram e Twitter para divulgar sua festa de aniversário, tendo como temática o Dia das Bruxas; em resposta, seus seguidores usavam dos comentários para marcar presença na comemoração. A Williams já havia providenciado sua fantasia na tarde anterior, usando parte do dinheiro conseguido com o furto da igreja; enquanto isso, Lilith encarregou-se de procurar pessoas que aceitassem organizar a festa e montar o Buffet encima da hora — era certo que ela os subornaria.
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
FanficPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...